Após quase uma semana de desaparecimento, o jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, foi encontrado morto em um açude de São Gabriel (Fronteira-Oeste) na tarde desta sexta-feira (20). Ele havia sido visto com vida pela última vez na madrugada do dia 13, ao ser detido e transportado em viatura após abordagem pela Brigada Militar – o sargento e os dois soldados envolvidos no incidente já estão presos preventivamente.
A medida atendeu a uma solicitação do próprio comando da BM à Justiça Militar. Os mandados foram cumpridos pela Corregedoria-Geral da corporação, sob acompanhamento de integrantes do 2º Batalhão da Polícia de Choque de Santa Maria (Região Central).
Os três policiais já estavam afastados de suas funções desde a segunda-feira (15) e tiveram suas armas recolhidas no dia seguinte, em meio ao avanço de uma inquérito policial-militar aberto para apurar as circunstâncias do sumiço do rapaz sob custódia.
Em coletiva de imprensa no fim da tarde, a BM forneceu detalhes sobre a investigação. O governador Ranolfo Vieira Júnior (que já foi delegado da Polícia Civil e titular da Secretaria da Segurança Pública) também se manifestou através das redes sociais:
“Acabo de ser informado da localização do corpo do jovem Gabriel Marques Cavalheiro. Minha solidariedade aos familiares e amigos. Determinei à SSP a exaustiva apuração de todos os fatos”.
O que se sabe
Morador de Guaíba (Região Carbonífera), o jovem estava desde o começo do mês em São Gabriel – onde tem parentes – para iniciar o cumprimento do serviço militar. Na noite de sexta-feira (12), ele saiu da casa de um familiar para ir ao encontro de duas amigas, no mesmo bairro. Assim que chegou ao portão da residência delas, o latido dos cães assustou a proprietária, que acionou o telefone 190.
Em seguida, três brigadianos desceram de uma viatura e iniciaram abordagem, à qual Gabriel resistiu. Gravação feita com telefone celular por uma testemunha mostra que ele foi algemado e conduzido até a localidade de Lava Pé, situada a 2 quilômetros dali. Nunca mais seria visto com vida.
Os policiais alegaram que o próprio jovem pediu para ser deixado na área onde há o açude, com o suposto argumento de que outros parentes moravam por ali. Registros de monitoramento por GPS da BM mostram que a viatura que transportava o guaibense permaneceu quase 2 minutos no local, onde depois seria encontrada uma jaqueta do jovem.
De acordo com o comando da corporação, o procedimento do trio não seguiu o padrão a ser adotado para esse tipo de ocorrência: “O protocolo é levar o cidadão para avaliação médica e conduzir a uma delegacia ou casa prisional”.
(Marcello Campos | O Sul)
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