Os resultados da pesquisa “Tem Veneno Nesse Pacote - ultraprocessados de origem animal”, feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e divulgada recentemente, trouxeram à tona uma informação desconhecida da maioria da população: hambúrgueres, empanados de frango, salsichas, outras carnes e até o requeijão também levam agrotóxicos perigosos à mesa das famílias.
Em 58% das amostras de produtos que os brasileiros mais consomem (14 dos 24), foram encontrados agrotóxicos e não houve uma só categoria dentro dos derivados de carne (nugget, hambúrguer bovino, salsicha, mortadela e linguiça calabresa) sem resíduos químicos. O empanado de frango, muito consumido por crianças, foi o campeão com 5 agrotóxicos diferentes detectados nos testes.
O Idec ressalta que a divulgação e monitoramento da Anvisa sobre a presença de agrotóxicos em frutas, legumes, hortaliças e grãos pode levar o consumidor a pensar que esses alimentos são menos seguros do que os ultraprocessados com ingredientes de origem animal. Por este motivo, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) considera muito importante a divulgação de pesquisas como a do Idec.
"É comum o consumidor achar que consome agrotóxicos somente através de alimentos de origem vegetal, principalmente verduras e legumes, uma vez que os agrotóxicos são aplicados diretamente sobre os vegetais. Pesquisas como esta do Idec comprovam o que a ciência já vem alertando: os alimentos de origem animal, devido à alimentação a base de grãos e forragens tratadas com agrotóxicos, são também uma fonte de contaminação humana por agrotóxicos e, devido à capacidade de bioacumulação dos mesmos em tecidos gordurosos comparado às frutas, verduras e legumes, a concentração desses venenos na carne, leite e ovos é ainda maior", afirma a nutricionista e diretora de campanhas da SVB, Alessandra Luglio.
Ela também explica que os venenos aplicados têm capacidade muito maior de se agregar em tudo que tem mais gordura. Em monoculturas de grãos transgênicos usados para a ração animal, como soja e milho, o agrotóxico cria ligações bioquímicas com a gordura deles e "fica preso dentro do grão". Ao ingerir esse alimento, o animal agrega na própria gordura a substância. Na comparação com os vegetais, há uma vantagem por serem formados com grande parte de água, não proporcionando esse acúmulo que ocorre no tecido dos animais.
"No rótulo da carne, você só vê lá escrito ‘carne’. Não está contabilizando que ela vem contaminada de toxinas ambientais que foram agregadas ao longo do processo da agropecuária. Essas substâncias, que estão presentes nos alimentos de origem animal por bioacumulação, não aparecem nos rótulos. Esse é um grande problema que precisa ser informado às pessoas", avalia a nutricionista.
A SVB defende que as pessoas tenham conhecimento e acesso à comida de verdade. Além de proporcionar um menor contato com agrotóxicos, a redução ou retirada das carnes dos pratos e a ampliação do consumo de frutas, legumes, verduras, leguminosas e cereais integrais resultam em menores taxas de obesidade, níveis de colesterol, pressão arterial, diabetes e doenças coronarianas.
Ricos em nutrientes, os vegetais possuem todas as necessidades alimentares quando compõem um prato bem planejado, formado 50% de verduras e legumes crus ou cozidos, 25% de cereais ou vegetais amiláceos e 25% com leguminosas.
“Quando falamos de tirar a carne e os alimentos de origem animal, parece que vai sumir a proteína do prato e isso não é uma verdade. Hoje, sabemos que a base proteica da alimentação é mais vegetal do que animal. Todos os alimentos de origem vegetal contêm proteínas em diferentes quantidades e conseguimos atingir a necessidade de ingestão diária combinando esses alimentos (feijão, lentilha, grão de bico, ervilha e outros) com outros, algo que já acontece naturalmente em uma dieta com variedade de nutrientes. Quem tem uma alimentação à base de vegetais tem uma digestão mais rápida, uma melhora do fluxo sanguíneo e pode otimizar a produção de energia. A dieta vegetal satisfaz todos os nutrientes, então, é só vantagem”, explica a nutricionista.
SOBRE A SOCIEDADE VEGETARIANA BRASILEIRA Fundada em 2003, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) é uma organização sem fins lucrativos que promove a alimentação vegana como uma escolha ética, saudável, sustentável e socialmente justa. Por meio de campanhas, programas, convênios, eventos, pesquisa e ativismo, a SVB realiza a conscientização sobre os benefícios do vegetarianismo e trabalha para aumentar o acesso da população a produtos e serviços veganos. Para mais informações, acesse www.svb.org.br ou os perfis no Instagram, Facebook e YouTube.