No final da noite de quinta-feira, 1, a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi vítima de uma tentativa de homicídio no momento em que chegava em casa em meio a uma multidão de apoiadores, uma semana depois que o Ministério Público pediu sua prisão por suposta corrupção. Um homem, identificado como Fernando Sabag Montiel, de 35 anos e de nacionalidade brasileira, apontou uma arma para a cabeça de Kirchner que só não se lesionou porque o revólver falhou. Diante do ocorrido, o presidente Alberto Fernández declarou feriado nacional nesta sexta-feira, 2, e classificou o ataque como o mais grave desde 1983, quando o país voltou a ser uma democracia. “Estamos diante de um fato com uma gravidade institucional e humana extrema. Atentaram contra a nossa vice-presidente e a paz social foi alterada”, declarou, acrescentando que “este atentado merece o mais enérgico repúdio de toda a sociedade argentina e de todos os setores políticos”.
Quem é o atirador?
A polícia argentina prendeu Fernando Andrés Sabag Montiel, 35 anos, como o principal suspeito pela tentativa de assassinato de Kirchner. O homem possui nacionalidade brasileira e já tinha antecedentes. Em 2021 ele foi detido pela Polícia da Cidade portar uma faca, segundo informações das autoridades, que também notificaram que ele chegou à Argentina em 1996 e era seguidor de grupos como ‘comunismo satânico’ entre outros ligados ao radicalismo e o ódio, de acordo com informações do jornal La Nación, de Buenos Aieres.
O que motivou o atentado?
Ainda não se sabe as razões que teria levado Monitel e tentar matar a vice-presidente da Argentina. Nem a imprensa argentina e nem as autoridades declararam que o homem tenha prestado depoimento. O que se sabe é que, segundo informações da Polícia Federal à imprensa, Montiel utilizou uma pistola Bersa 380, calibre 32, de fabricação argentina, e que estava carregada com cinco balas. Não se sabe ao certo porque a arma não disparou, contudo, especulações apontam que pode ter relação com os mecanismos de segurança que ela possui para evitar disparos acidentais.
Como o ataque aconteceu?
Monitel aproximou-se de Kirchner no meio da multidão que a esperava para cumprimentá-la e pedir que assinasse seu livro autobiográfico. A arma não disparou. Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, é possível ver o momento exato em que tudo acontecer e o barulho da arma sendo disparada. A vítima, ao se deparar com uma arma apontada para sua cabeça, chega a se abaixar. Após o ocorrido, ela permaneceu atendendo as pessoas que estavam em frente sua casa, no bairro Recoleta, em Buenos Aires.
El video del arma contra @CFKArgentina pic.twitter.com/8j1xpMnPoe
— Lautaro Maislin (@LautaroMaislin) September 2, 2022
O que aconteceu com o atirador?
Kirchner conta com uma equipe de aproximadamente 100 policias federais que conseguiram deter Monitel. O ministro da Defesa, Aníbal Fernández, informou sobre a detenção do homem. “Agora a situação tem que ser analisada pelo nosso pessoal da (polícia) Científica para avaliar os rastros e a capacidade e disposição que essa pessoa tinha”, disse o ministro.
O atentato a Kirchner acontece em meio a uma polarização crescente da sociedade argentina, centenas de militantes se reúnem desde a semana passada em frente à casa de Kirchner, 69 anos, acusada de corrupção durante seu governo (2007-15) e contra quem o Ministério Público pediu uma sentença de 12 anos de prisão e desqualificação política perpétua. O ataque à vice-presidente foi repudiado pela coalizão de oposição Juntos pela Mudança, que solicitou uma investigação dos acontecimentos, e também pelo gabinete de ministros. Autoridades de outros países também se pronunciaram sobre o ocorrido e criticaram o atentato.