Hoje dia 21, celebra-se o Dia do Adolescente, data prevista na Constituição desde 1996 para exaltar pontos importantes sobre esta fase da vida em todos os setores da sociedade.
É sabido que esta é uma etapa acompanhada de uma série de mudanças, tanto físicas quanto comportamentais. É o momento em que o corpo da menina começa a apresentar traços de uma futura mulher, suas ideias amadurecem e o desejo sexual começa a surgir. É nessa hora que aparecem várias dúvidas sobre sexualidade, e uma das mais comuns é sobre os riscos e benefícios dos métodos contraceptivos.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), no Brasil, 1 a cada 5 mulheres será mãe antes de finalizar a adolescência. Desta maneira, fica claro que é imprescindível ressaltar a discussão sobre método anticoncepcional, em especial quando o assunto é contraceptivo para adolescentes.
A ginecologista Ilza Maria Monteiro, vice-presidente da Comissão Nacional de Anticoncepção da Febrasgo, explica sobre os cuidados ao iniciar a medicação. “O ideal é que a adolescente receba orientação sobre o anticoncepcional para fazer uma escolha consciente do método que mais a atende. Há várias táticas, mas no caso da adolescente, a eficácia deve ser um dos fatores mais importantes.
Todos os métodos têm um período de adaptação ou de aprendizado para que através de seu uso correto, o efeito contraceptivo seja o maior que o método pode oferecer. Nos primeiros meses de uso, estar perto de um profissional que saiba esclarecer as dúvidas com segurança, ajuda na continuidade do método” destaca Ilza.
“Para poder iniciar o método anticoncepcional não é necessário nenhum exame, sejam os exames laboratoriais ou até mesmo o preventivo para o câncer de colo de útero, como pensam algumas pessoas” salienta a ginecologista.
Vale destacar que não existe uma idade ideal para iniciar a medicação. Assim que a adolescente estiver sob risco de gravidez deve-se oferecer anticoncepção com alta efetividade. Adolescentes são o grupo de maior risco de gravidez não planejada devido a alta fertilidade dessa faixa etária. Segundo estudos, os métodos contraceptivos são seguros para adolescentes e a idade não impede o uso de nenhum método reversível.
Quais são os anticoncepcionais mais indicados pelos ginecologistas?
A médica esclarece que quando se pensa em controle das gestações não planejadas, os métodos de longa ação, os LARCs são mais eficientes. “Os LARCs são os dispositivos intrauterinos (DIUs) hormonais e não hormonais, além dos implantes subdérmicos. Mulheres jovens se beneficiam ainda mais devido a alta eficácia desses métodos (0,3 em cada 100 mulheres/ano). O DIU hormonal é também uma importante ferramenta para tratar o sangramento uterino anormal”, enfatiza Ilza.
Qual a vantagem do uso do anticoncepcional para a mulher?
Os contraceptivos hormonais apresentam, além do efeito contraceptivo, benefícios não contraceptivos. Muitas adolescentes iniciam o uso de contraceptivos hormonais em razão de cólicas ou sangramento menstrual abundante. A melhora da acne também é um dos benefícios do uso dos contraceptivos hormonais.
O anticoncepcional diminui cólicas e TPM?
A maioria das mulheres tem melhora da dismenorreia, que é o nome que se dá às cólicas menstruais. Embora em uma proporção um pouco menor, a tensão pré-menstrual pode melhorar com o uso dos contraceptivos hormonais. Há uma tendência a maior eficiência no controle da TPM com o uso dos contraceptivos com efeito diurético, como a drospirenona.
O grande problema do uso de contraceptivos hormonais que dependem de lembrança constante, como a pílula ou as injeções, é o esquecimento. Na vida real, a taxa de falha média das pílulas e injeções é até trinta vezes maior (8-9 gestações em cada 100 mulheres/ano) que o observado quando o uso é perfeito (0,3 em cada 100 mulheres/ano), sem esquecimento.
Quando não é indicado?
Sempre há um método que pode ser utilizado. Adolescentes com problemas médicos, como enxaqueca, por exemplo, não deveriam usar pílulas com estrogênio. Nesses e em outros casos, como pressão alta, diabetes ou risco aumentado para trombose devem usar métodos sem estrogênio. Nesse sentido, os DIUs e implantes são as melhores opções, pois conferem eficácia e são seguros até para as adolescentes com essas comorbidades