O Instituto Fórum do Futuro, grupo voltado para o debate de questões estruturantes do Brasil a partir das perspectivas de desenvolvimentos sustentáveis, lançou como conclusão do seminário realizado nesta quinta-feira (06/10), a Carta de Brasília, uma proposta por um novo pacto global de segurança alimentar na bioeconomia tropical e a nova ordem global.
O Forum do Futuro propôs a carta para harmonizar entre as instituições que impactam o desenvolvimento da Bioeconomia em torno do desafio de ampliar a participação do Brasil na segurança alimentar global e cumprir esta missão com mais sustentabilidade e maior inclusão social.
Durante o seminário “Um Dia no Futuro”, que reuniu diversas lideranças envolvidas no debate sobre a agenda da sustentabilidade para uma reflexão em torno do desafio de aumentar a produção de alimentos no país, sem perder de vista a preocupação com a preservação dos biomas, o presidente do Fórum do Futuro, Alysson Paolinelli; presidente do Sebrae, Carlos Melles; e presidente do EMBRAPA, Celso Moretti; realizaram a assinatura do documento, que chama a atenção dos atores que definem políticas públicas e privadas que impactam a segurança alimentar global, para o fato de que a inclusão social e tecnológica de pequenos e médios produtores tropicais é parte vital das agendas mais críticas hoje vivenciadas.
Confira a Carta na íntegra:
CARTA DE BRASÍLIA
Por um Novo Pacto Global do Alimento
A Bioeconomia Tropical e a Nova Ordem Global
Não haverá segurança alimentar global dissociada da construção de uma nova ordem econômica mundial, que considere a inclusão social e tecnológica dos povos tropicais como ferramenta de combate à fome, de redução das desigualdades, de promoção do desenvolvimento sustentável direcionado para o enfrentamento da transição climática, da supressão dos desmatamentos, e da preservação da biodiversidade.
As políticas públicas e privadas decorrentes deste esforço somente poderão prevalecer se fundadas no acervo de conhecimentos e de tecnologias produzidas pelas Ciências Tropicais. Através destas, os atributos de gerar renda, emprego, bem-estar endógeno, e, dessa forma, contribuir para conter os fluxos migratórios forçados do Sul em direção ao Norte.
Porém, parte considerável das soluções já alcançadas pelas instituições de pesquisa ainda não chegaram aos sistemas produtivos, por razões diversas. Sabemos que o manejo adequado da floresta e a exploração vertical e potencializada de sua biodiversidade resultam em benefício econômico maior do que aqueles provenientes da sua derrubada. Mas, urge materializar essa capacidade da Ciência e de suas tecnologias, de maneira clara, que produza valor social de sentido, diante de atores produtivos e de fomento, visando vitalizar a força transformadora desses saberes.
Aterrissar nas sociedades o conhecimento já disponível alicerça as bases do terceiro grande salto na oferta global de alimentos e impulsiona a urgência de agendas as mais prementes, auxiliando na: redução do preço de produtos alimentares via aumento da oferta; da inflação; e da intensificação da conservação, do reuso, e da gestão racional de todas as formas de uso da água; incorporação de tecnologias que neutralizem e mitiguem a emissão de gases de efeito estufa; na adoção de métricas confiáveis de aferição da sustentabilidade do processo.
É preciso dar uma chance aos Povos Tropicais. Estes, ao lado da Ciência, são capazes de migrar da página dos problemas para atuar na solução dos principais desafios da humanidade desta quadra do Século XXI.
Inadiável aprofundar o Diálogo entre Ciência, Bioeconomia Tropical e Sociedade, cerne de um novo Pacto Global do Alimento, que deve incluir também o controle de perdas e desperdícios. E reunir as perspectivas civilizatórias representadas pelo avanço do conhecimento à premência de colocar mais Ciência na vida das Pessoas e na construção do futuro sustentável do planeta. O diálogo Sul-Norte, mediado pela metodologia científica, pautado pelo anseio de efetivamente comunicar, de participar do debate, muito além da complexidade, é o melhor caminho para unirmos as lideranças globais diante da dimensão histórica das crises humanitária e ambiental vivenciadas hoje.
Não temos tempo a perder.