“O potencial que nós temos no Brasil, principalmente nas áreas de inovação e tecnologia, é extraordinário. Esta iniciativa visa apresentar plataformas inovadoras e discutir os desafios e oportunidades e orientar uma startup excepcional para atingir um novo patamar e acelerar e escalar uma jornada de sucesso no mercado norte americano”, afirmou Sueli Bonaparte, presidente fundadora da Brazil-Florida Business Council, Inc, abrindo o evento realizado pela organização no dia 13 de outubro (quinta-feira).
Mediado por Fernando Cariello, o evento teve como objetivo apresentar e discutir as dificuldades e oportunidades de acelerar uma startup para uma jornada de sucesso no mercado mundial. Goldwasser Neto, cofundador e CEO da Accountfy, uma das 100 principais empresas de tecnologia a serem observadas em 2022, e Michel Amorim, da Drummond Advisors, apresentaram os desafios, experiências e ideias na jornada de internacionalização de uma organização e o papel estratégico identificado a quem optar por se instalar na região da Flórida. O ecossistema de startups na região é cada vez mais atraente para empreendedores e inovadores, tanto nacionais quanto de todo o mundo.
Ressaltando a importância de um planejamento, e uma opção de emergência para o caso de algo inesperado, Goldwasser explicou que todo o planejamento realizado em 2021 foi feito de forma errada. “Entramos no mercado um ano depois do previsto, tempo suficiente para alterar o mercado. Tivemos que nos adaptar e mudar a estratégia, passando a fazer canais de distribuição e implantação, e parcerias”, resumiu Goldwasser.
Destacando sobre o cuidado que requer a parte tributária, Michel e Fernando explicaram que é sempre aconselhável verificar se a empresa tem tração no mercado antes de iniciar qualquer estrutura no exterior, e pensar em uma operação que seja lucrativa o suficiente para pagar os impostos.
Ainda de acordo com Fernando, é fundamental planejar tudo com calma, pois qualquer erro de execução fará com que se pague um valor caro para corrigir um problema. “Com planejamento você consegue benefícios, otimiza, e dá entrada no mercado americano”. E pondera que esse mercado não busca necessariamente a melhor oferta, porém, a qualidade é premissa fundamental. “O americano não compra pelo menor preço, e sim pelo fator do menor risco”, analisa o mediador.
Nesse sentido, Goldwasser segue acrescentando que “o mercado americano é muito mais maduro do que o brasileiro. No Brasil existe uma ótica de custo muito grande. Então, se você isenta a empresa de implantação ou dá um desconto, faz muita diferença no momento de escolher entre dois softwares”.
Conforme explica o CEO da Accountfy, a propensão de pagar por um software nos Estados Unidos é mais ou menos quatro vezes o que está disposto a pagar no Brasil pelo mesmo. “Foi uma das razões da gente ter migrado para outros canais. Se você sai do Brasil e vai pros outros países da América Latina é ainda pior. Você está disposto a pagar metade do que o Brasil paga”.
Michel discorreu sobre a importância do preço de transferência na indústria de software, e observou que o Brasil está caminhando para ficar compatível com o modelo internacional, porém ainda não atingiu esse patamar. Ele analisou ainda sobre a realidade de uma startup que está fazendo processo de internacionalização, sendo este um mecanismo diário. “Muitas vezes o ativo intangível está no Brasil e agora você está usando o intangível da empresa brasileira no exterior. Então a gente traz o problema de multinacional, de empresas que têm departamentos tributários, para uma startup que tem uma estrutura enxuta, e que tem os gestores tomando decisões justamente com foco no comercial”, explica Amorim.
Goldwasser observa a importância de insistir a fim de compreender a dinâmica do mercado. “Muita coisa numa startup é tentativa e erro, porque quando você não tem padrão de mercado você tem que tentar alguma coisa, você tem hipótese e vai testando a hipótese até acertar no caminho”, conclui.