A chegada do inverno da Ucrânia, que já registrou sua primeira nevasca, preocupa as autoridades locais e a Organização das Nações Unidas (ONU) que alerta para cerca de três milhões de pessoas sendo obrigada a deixarem suas casas em busca de calor e segurança devido à falta de energia ocasionada por bombardeios russos. “O inverno vai ameaçar a vida de milhões de pessoas na Ucrânia”, escreveu em comunicado Henri Kulge, representante da OMS na Europa. “A devastadora crise da energia, a grave emergência de saúde mental, restrições ao acesso humanitário e o risco de doenças virais farão do inverno um teste formidável para o sistema de saúde da Ucrânia e para os ucranianos, e também para o mundo e seu compromisso de apoiar a Ucrânia”, acrescentou. Desde o começo da guerra no Leste Europeu, que já chega ao nono mês, mais de 7,8 milhões de pessoas fugiram como refugiados desde fevereiro, de acordo com a agência de refugiados das Nações Unidas. Esse é o maior deslocamento de pessoas na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
“Esperamos que de 2 milhões a 3 milhões de pessoas tenham que sair de casa em busca de aquecimento e segurança. Elas enfrentarão desafios únicos de saúde, como infecções respiratórias, incluindo a Covid-19, pneumonia e gripe, além do sério risco de difteria e sarampo”, escreveu Kulge. Diante desse cenário, a Ucrânia se prepara da forma que pode para retirar civis da região sul, epicentro dos ataques russos e que está com a infraestrutura básica de energia e água destruída. Temendo apagões durante a estação, o governo da Ucrânia começou uma operação de retirada começou a ser realizada na recém-recuperada Kherson e também deve ser realizada em Mikolaiv. Ataques às infraestruturas ucranianas tem sido uma das principais armas das tropas de Vladimir Putin desde que ele começou a sofrer derrotas para os ucranianos. Para além da falta de energia, a Ucrânia também sofre com outro problema, a insegurança alimentar. Segundo o Programa Mundial de Alimentos, um em cada três ucranianos estão com falta de acesso aos alimentos. 15,7 milhões de pessoas dependem de assistência humanitária.