14/12/2021 às 14h52min - Atualizada em 14/12/2021 às 16h50min

Receita agronômica é aliada na proteção de polinizadores

SALA DA NOTÍCIA Beatriz Priscila Pedrini
Por Armando César Sugawara, engenheiro agrônomo pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em segurança do trabalho pela mesma instituição e parceiro do programa Colmeia Viva, do Sindiveg.

A receita agronômica é um parecer do ato profissional de engenheiros agrônomos, florestais e técnicos, com instruções detalhadas sobre o uso dos defensivos agrícolas e não agrícolas, que habilita seu portador à compra da terapia indicada. Além disso, cumpre importante função de promover a educação sobre o uso racional dos defensivos, já que no documento prevalece o critério técnico sobre o econômico. Nesse sentido, torna-se fonte de informação não tendenciosa, estatística, administrativa e legal, permitindo que o profissional transfira ao produtor rural segurança para uma produção consciente.

O serviço dos profissionais de Ciências Agrárias e Florestais são uma barreira de proteção à sociedade contra os problemas advindos do uso incorreto dos defensivos – beneficiando a integração de questões sanitárias, sociais e ambientais do país. A orientação agronômica está ancorada nos requisitos legais, no saber, nas evidências e nas normas éticas, premissas que ajudam a impedir e/ou diminuir os riscos da má utilização.

As boas práticas estão no cerne dos debates de uma agricultura sustentável e responsável, sendo hoje bandeira de diversas entidades do setor, como o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), que representa grande parte da indústria de defensivos no Brasil.

Levando em conta as boas práticas, o profissional, antes da prescrição da receita, deve sempre se comunicar com o agricultor a fim de coletar informações sobre a cultura em que será realizado o tratamento fitossanitário. Ao colher informações sobre a área tratada, o agrônomo deve analisar a relação da plantação com os polinizadores (como as abelhas), ou seja, se há uma relação de dependência, benefício ou não dependência de polinização para que todo o potencial produtivo da cultura seja alcançado. Além disso, é importante que o profissional se atente à época de florada, pois alguns produtos fitossanitários são proibidos durante esse período.

Após as avaliações, a orientação sobre o uso de insumos é materializada na forma de receita agronômica. O conteúdo mínimo desse documento é definido pelo Decreto Federal nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002. Contudo, em razão da diversidade cultural, social, agronômica e ambiental entre as Unidades Federativas, cada estado adapta a regra existente à sua situação concreta, objetivando o princípio da equidade, da proteção e construção de um ambiente sadio e digno.

O conteúdo mínimo da receita agronômica contempla informações sobre o produtor rural, o local de aplicação, o diagnóstico, as recomendações técnicas, as obrigações do agricultor em ler o rótulo e bula, como também os dados do prescritor. Nas recomendações técnicas, cabe ao profissional indicar o defensivo licenciado, a cultura e a área a ser tratada, a dose dos produtos, a modalidade de uso, a época de aplicação, o intervalo de reentrada no território pulverizado, as orientações sobre o manejo integrado de pragas, as precauções de utilização e a obrigatoriedade da utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs).

Quando o assunto é polinizadores, cabe destacar que é na época de florada que as abelhas fazem a visitação das culturas para buscar recursos florais. Dessa forma, a aplicação dos produtos fitossanitários deve ser evitada por meio de uma orientação agronômica adequada, que deverá ser feita junto ao agricultor, garantindo a complementaridade entre a polinização realizada por abelhas e o uso dos produtos fitossanitários. Tanto a polinização quanto o emprego desses insumos, contribuem para a produtividade no campo, e uma prescrição profissional adequada não compromete a polinização realizada pelas abelhas.

O produtor agrícola, concretizando as orientações, terá a segurança de realizar o controle de uma fitopatologia, além de uma abordagem mais ampla sobre a sanidade, produção sustentável de alimentos e à proteção dos polinizadores do meio ambiente.
 
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