Dentre os fatores que permitem a melhoria no padrão de vida de uma localidade, está a produtividade. Quanto mais produtivos os trabalhadores, maiores os salários e, logo, mais podem consumir. A elevação da produtividade está intimamente ligada à competitividade. Um Estado competitivo gerencia melhor seus recursos produtivos, buscando tanto a geração de bem-estar e serviços públicos quanto o desenvolvimento econômico local, gerando mais empregos e renda para a população. No Brasil, o Centro de Liderança Pública (CLP) classifica anualmente os municípios e estados brasileiros segundo a competitividade.
O Ranking de Competitividade produzido pelo CLP objetiva apoiar os líderes públicos brasileiros nas tomadas de decisão, com foco na melhoria da gestão dos seus Estados. São 86 indicadores adotados, com eixos temáticos como capital humano, infraestrutura, inovação, sustentabilidade, dentre outros. São Paulo, que é o Estado mais populoso e que mais gera riquezas, também é a Unidade da Federação que lidera o Ranking de Competitividade dos Estados. Mais especificamente, o Paraná, agora 4.º Estado mais rico do país, ascendeu uma posição no ranking de competitividade, ocupando agora a 3.ª colocação.
Dentre os potenciais paranaenses, o indicador aponta a sustentabilidade ambiental, a eficiência da máquina pública e sua capacidade inovativa. Tradicionalmente, o Estado é referenciado como um exemplo de desenvolvimento sustentável no país, tal que 10% dos 500 municípios mais sustentáveis do Brasil estão no Paraná, segundo o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC). Mas o ranking indica que ainda existem espaços para melhorias, principalmente na recuperação de áreas degradadas, eficiência do Judiciário e na concessão de bolsas de mestrado e doutorado.
Entre os principais desafios para os gestores do Estado, o relatório anual destaca o custo da mão de obra, o crescimento potencial da força de trabalho e o planejamento orçamentário. Os dois primeiros indicadores levantam uma preocupação quanto ao futuro do mercado de trabalho. O paranaense possui o 6.º maior rendimento médio do trabalho segundo o IBGE, refletindo a maior produtividade e qualificação média de seus habitantes. Contudo, a queda na natalidade e o envelhecimento da população podem se mostrar como restrições ao crescimento econômico no futuro. Apesar da preocupação no que se refere ao planejamento orçamentário, a Unidade da Federação ocupa uma posição mediana quanto à solvência e à dependência fiscal.
Dentre as cidades, Barueri (SP) lidera o ranking, seguida de Florianópolis (SC) e São Caetano do Sul (SP). Em linha com o Paraná, Curitiba se destaca como a 6.ª mais bem-posicionada no ranking de competitividade, a 3.ª quando considerada a Região Sul. Conhecida como uma das capitais mais inovadoras do país, a cidade é destaque quanto à sua complexidade econômica e à aplicação de recursos para pesquisa e desenvolvimento científico. O ranking destaca ainda como potenciais do município o funcionamento da máquina pública e o acesso ao saneamento básico. A cidade lidera em três quesitos de saneamento: cobertura do abastecimento de água, coleta de resíduos domésticos e destinação do lixo.
Sobre os pontos de melhoria, o principal desafio recai sobre o Meio Ambiente. Dentre os 415 municípios analisados, Curitiba ocupa apenas a posição 346.ª em relação à cobertura de floresta natural e 354.ª na recuperação de áreas degradadas. Apesar de possuir a 15.ª maior renda média do trabalho formal, a capital paranaense ocupa posição intermediária no crescimento da renda (186.ª) e na geração de empregos (315.ª) deste tipo de trabalho. Em contraste, a cidade é destaque quando se analisa a competitividade do seu capital humano, ocupando a 15.ª posição, refletindo principalmente a qualificação dos seus trabalhadores (12.ª) e a renda média dos trabalhadores (15.ª).
Em linhas gerais, os resultados do Ranking de Competitividade dos Municípios ressaltam o protagonismo do Paraná e de sua capital. Apesar dos pontos de melhoria, os trabalhadores tanto do Estado quanto de Curitiba apresentam rendimentos e qualificações significativamente superiores aos dos demais municípios do país. A implicação prática desse protagonismo é a possibilidade de maior qualidade de vida de seus habitantes. O grande desafio do futuro será conciliar a melhoria do bem-estar da população frente às mudanças demográficas e impulsionar o desenvolvimento sustentável.
*Guilherme Marques Moura, doutor em Desenvolvimento Econômico, é professor da Escola de Negócios da Universidade Positivo (UP).