Na teoria, startups são criadas para oferecer soluções inovadoras para o mercado, mas são poucas as que conseguem trazer produtos tão originais a ponto de mudar completamente a forma de atuação de todo um setor. Mas, na prática, oferecer soluções e alternativas para setores tradicionais é um grande desafio que acaba enfrentando muita resistência do mercado. Separamos aqui alguns cases inovadores que estão ganhando destaque e transformando setores:
Novas parcerias para os setores de serviços e varejista
O setor de serviços representa 70% do PIB, mas apesar de tal relevância, o mercado é majoritariamente offline, com contratantes buscando profissionais por indicações boca a boca e prestadores de serviço com limitações para divulgar sua expertise. Foi para inovar tal cenário que o GetNinjas foi criado. Hoje, a empresa é a maior plataforma para a contratação de serviços do país e atua na conexão entre as partes interessadas. O sucesso da repaginação do conceito das “páginas amarelas” se reflete em números; no terceiro trimestre, o aplicativo somou mais de 4 milhões de usuários cadastrados e 1 milhão de pedidos feitos.
Além de proporcionar mais segurança e praticidade para contratantes e profissionais, o GetNinjas também leva inovação para outros setores além de serviços. O mercado varejista é outro ramo que se beneficia do modelo de negócios da companhia. Em detalhes, a companhia firma parcerias estratégicas com grandes marcas e os parceiros conseguem oferecer uma experiência phygital.
“Tais parcerias mostram como as empresas nativas digitais têm um papel fundamental na transformação do mercado ao permitir que empresas mais tradicionais possam inovar mais rapidamente agregando soluções que as novatas da tecnologia estão desenvolvendo”, comenta Sandya Coelho, Diretora de comunicação do GetNinjas.
Previdência Privada com foco na experiência do usuário
A aposentadoria é um tópico de preocupação para a maioria dos brasileiros, ainda mais se considerarmos os valores da previdência pública no nosso país. O valor médio do benefício mensal é de R$ 1.547,54, mas, dos 36 milhões de beneficiários, quase 24 milhões recebem o valor equivalente a um salário mínimo enquanto uma parcela muito pequena, de apenas 0,002%, conseguem o salário máximo, de R$ 7.087,22. Por conta disso, cada vez mais pessoas têm se interessado por outro tipo de investimento: a previdência privada.
Diante deste cenário, em 2021, o Luiz Bacellar fundou a Saks, aliando a tecnologia a seu conhecimento em economia e finanças. A startup é uma savetech focada em previdência privada, que funciona por meio de um aplicativo mobile. Para tornar o acesso ainda mais democrático, no mês passado a empresa lançou uma atualização de seu aplicativo: a possibilidade de investir por Pix.
“É algo que parece simples, mas é uma grande inovação para o mercado de previdência privada e melhora muito a experiência do usuário na hora de investir o seu dinheiro. Outra grande mudança é a tecnologia que estamos utilizando, que deixará o aplicativo mais leve e com uma usabilidade simples”, comenta Bacellar.
A atualização foi pensada para aprimorar a experiência do usuário, proporcionando uma navegação mais fluida e agradável. As novas funcionalidades permitem maior facilidade para acompanhar a evolução e gestão do patrimônio, verificar todas as opções de investimento disponíveis, acompanhar os detalhes de cada plano, visualizar todos os pagamentos já efetuados e futuros, além de eventuais resgates e outras movimentações.
Gestão de Finanças pessoais e investimentos na palma da mão
Em 2014, quando a Mobills, fintech de soluções financeiras, foi criada, os aplicativos de controle de gastos e gerenciamento financeiro não eram populares e facilmente encontrados. A ideia surgiu um ano antes, quando o fundador e CEO da empresa, Carlos Terceiro, usou seus conhecimentos para transformar sua planilha de gastos em um app.
“Acredito que a maioria da população já se perguntou para onde foi o dinheiro ganho no mês. Isso já aconteceu comigo. Hoje, entendo a importância de gerenciar minhas finanças. Criamos a Mobills para melhorar a relação da população com dinheiro e distribuir conteúdos sobre educação financeira para todos”, explica o CEO.
A personalidade disruptiva da empresa perdura. Desde 2021, a Mobills é parceria da Toro, empresa do grupo Santander, e lançou o comparador de cartão de crédito, que ajuda as pessoas a encontrarem o mais adequado para suas necessidades, e uma plataforma própria que gera portfólios ideais para cada perfil de investidor. O valor mínimo para investimento é de R$ 50 e a plataforma oferece fundos como o Monetus FIA, fundo de ações de gestão própria — e títulos de renda fixa.
“Agora conseguimos completar a jornada. Geralmente a pessoa começa a usar o Mobills porque quer uma solução para sair do endividamento. Depois de conseguir se organizar, planejar e quitar as dívidas, todos poderão começar a poupar e investir, tudo no mesmo aplicativo”, finaliza Terceiro.
Digitalização de Recursos Humanos e Departamento Pessoal em uma única plataforma
Facilidades na vida pessoal e no trabalho também. A pandemia obrigou muitas empresas a digitalizarem seus processos rapidamente para conseguirem acompanhar o mercado. O setor do RH não ficou de fora, pois, de um dia para o outro, os processos seletivos, o controle de ponto, as avaliações de desempenho, os treinamentos e as diversas outras atividades da área, passaram das planilhas e papéis, ao digital. É dentro deste contexto que acompanhamos a ascensão da Factorial, plataforma de centralização de processos de recursos humanos e departamento pessoal.
A startup, que chegou ao Brasil em 2022, simplificou e centralizou a digitalização das atividades cotidianas do RH e departamento pessoal em um software que reúne todos os processos em apenas uma plataforma, permitindo às empresas a otimização do tempo com as tarefas, que antes eram manuais ou detinham de muitas planilhas. Um bom exemplo é o Factorial Expenses, software de gestão de despesas que economiza até 27 horas mensais de trabalho na rotina dos colaboradores, com a diminuição da formalização por planilhas convencionais, o uso do Excel e preenchimento de documentos.
Com as suas estratégias de impulsionamento de negócio, em menos de um ano no país, já conta com mais de 800 PMEs em sua cartela brasileira de clientes, ampliou a sua operação duas vezes, ao ponto de mudar de escritório e se tornou unicórnio, com a captação de uma rodada de investimento Série C de US$120 milhões. “O Brasil é um país que consome tecnologia e inovação, e usa essa vertente como fator competitivo de mercado. Ficamos satisfeitos em ver quanto a nossa solução tem auxiliado esse processo de adequação com redução de custos e tempo”, completa Renan Conde, diretor Brasil e EUA da Factorial.
A revolução dos planos de saúde
A Sami nasceu em 2018 com o objetivo de democratizar o acesso à saúde de qualidade e foi considerada em 2022, uma das 100 Startups to Watch, sendo uma healthtech que está revolucionando os planos de saúde e a maneira de entender o setor pelos usuários. Com planos de saúde coletivos empresariais voltados a MEIs e empresas dos mais diferentes portes a partir de uma vida, a startup alia ciência, tecnologia e comprometimento humano para que os membros tenham acompanhamento personalizado ao longo da vida, seja via telemedicina - que já caiu no gosto de muita gente - ou presencialmente.
“75% dos atendimentos do Time de Saúde têm sido digitais e o índice de satisfação do cliente com está em 92%. Cerca de 80% dos problemas relatados pelos pacientes são solucionados na primeira conversa com o time de saúde”, afirma o médico presidente da Sami, Vitor Asseituno.
Em um mercado comoditizado que hoje possibilita que apenas 25% dos brasileiros tenham plano de saúde, o médico Vitor Asseituno e o empreendedor Guilherme Berardo tiveram a ideia de trazer ao Brasil um modelo utilizado no Canadá, na Inglaterra, Alemanha e Holanda - que conta com time de saúde formado por médico, coordenador e enfermeiro - para oferecer cuidado integral, e uma rede credenciada de referência, com hospitais como Beneficência Portuguesa, Oswaldo Cruz, Pró-Matre, entre outros, a um custo-benefício condizente com a realidade do país, sem reajustes que ultrapassem a inflação, por exemplo.
“Neste ano em que os reajustes de plano de saúde bateram recorde, passando de 17% no caso dos planos coletivos, nós conseguimos ficar 34% abaixo da média nacional, com uma alta de 11,3%. É o segundo ano seguido que praticamos um dos menores reajustes do mercado, pois em 2021 havíamos ficado 37% abaixo da média nacional ao reajustar 6,2%, enquanto o mercado praticou 9,84%”, ressalta Guilherme Berardo, CEO da Sami.
Segundo pesquisa realizada pela healthtech, os consumidores querem ter a segurança de um plano de saúde de qualidade sem precisar desembolsar um valor tão alto - isso em comparação aos planos de saúde tradicionais. Só 12% afirmaram escolher o plano pela marca/operadora. O valor agregado também tem sido fator determinante na hora da escolha, e é outro diferencial da Sami que, focada no cuidado por completo, conta com parcerias com Gympass, para cuidar do corpo, e Cìngulo, para cuidar da saúde mental. “Nosso membro tem a possibilidade do atendimento personalizado, com consultas integradas entre os profissionais da saúde”.