Gestores, técnicos e conselheiros da área da saúde participaram de reunião em Porto Alegre, nesta quarta-feira (18), para o lançamento de uma série de ações de combate à dengue e ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. A iniciativa foi organizada pelo governo gaúcho, com apoio da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems).
A atividade teve a participação presencial ou on-line de de 80 dos 497 municípios gaúchos. Também foi lançado o curso de capacitação sobre arboviroses, como foco no manejo clínico no âmbito da Atenção Primária em Saúde (APS), promovido pela Secretaria Estadual do setor e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Dados oficiais apontam que o Estado teve 66.779 casos confirmados de dengue em 2022, incluindo 66 desfechos fatais em 27 cidades. Em 123 municípios, a incidência foi superior a 300 casos para cada 100 mil habitantes. Trata-se do pior cenário estatístico anual da doença entre os gaúchos.
A maior incidência ocorreu nas regiões Metropolitana, Norte e Noroeste. Na área geográfica de abrangência da 1ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), com sede em Porto Alegre, concentraram-se 47,5% dos óbitos no ano passado. “Chama atenção o fato de ser uma doença que não podemos negligenciar”, destaca o diretor-adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Marcelo Vallandro.
A secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, reforça a importância da mobilização e das estratégias de enfrentamento ao inseto-vetor: “A grande virada de página que precisamos fazer em relação ao controle do mosquito e ao cuidado com as pessoas infectadas se dá na ampla rede formada pelos nossos municípios”.
Ações de enfrentamento
Dentre as ações de enfrentamento à dengue está a implantação de sistemas de monitoramento e gestão de informações sobre a doença, tanto em âmbito estadual quanto municipal. No site saude.rs.gov.br constam dados sobre a circulação do Aedes aegypti, registro de casos das doenças transmitidas pelo inseto e hospitalizações relacionadas, além de classificações de risco para cada cidade.
Esses dados são importantes na definição e direcionamento de parâmetros assistenciais e quantidades necessárias de insumos, equipamentos e materiais em cada município. Além disso, no endereço virtual são informados a adequação e ampliação da estrutura laboratorial para o diagnóstico de casos suspeitos de dengue e identificação vetorial.
Os laboratórios habilitados a essa tarefa funcionam em Pelotas, Santa Maria, Santo Ângelo, Santa Cruz do Sul, Ijuí, Caxias do Sul e Passo Fundo. A partir da vigilância genômica, é monitorada a circulação viral da dengue nas 30 regiões de Saúde do Rio Grande do Sul.
Outra ação planejada pela pasta é a implantação de um canal permanente sobre a dengue, para intercâmbio de informações entre diferentes áreas técnicas, com representantes estaduais e municipais. Também está nos planos a intensificação da comunicação de risco em saúde de forma direta e transparente para a população, apresentando cenários de risco para a doença e infestação, entre outras estratégias.
Também serão implantadas iniciativas para prevenção e combate ao Aedes nas escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul, além de educação permanente para preparação das equipes multiprofissionais nos serviços de saúde, como capacitações, seminários on-line e videoaulas sobre manejo clínico e supervisão.
Há, ainda, já em processo de implantação em diversos municípios gaúchos, um novo sistema de monitoramento por meio de armadilhas para ovos (ovitrampas) a fim de monitorar e detectar precocemente a presença e densidade de Aedes aegypti.
(Marcello Campos)