Com o número de casos de dengue acima do normal para esta época do ano no Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) emitiu comunicado de risco com recomendações à população e prefeituras para que reforcem os cuidados contra a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. São 202 confirmações nas três primeiras semanas de janeiro, quase 60% a mais que no mesmo período do ano passado.
Das 30 regiões do Estado, 23 tiveram notificações acima do Limite Superior Endêmico (LSE) dos últimos anos. Recentemente, essa proporção era de 13 para 23. O diretor-adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Marcelo Vallandro, ressalta algumas conclusões referentes à análise do cenário, realizada semanalmente:
“No começo de janeiro, é comum o aumento de casos de arboviroses [doenças como dengue, zika e chikungunya, causadas por vírus cuja transmissão tem como principal vetor os mosquitos]. Se 2022 foi o pior ano epidêmico, 2023 já começa com casos acima do esperado, o que nos mantém em alerta”.
Dados oficiais apontam que o Estado teve 66.779 casos confirmados de dengue em 2022, incluindo 66 desfechos fatais em 27 cidades. Em 123 municípios, a incidência foi superior a 300 casos para cada 100 mil habitantes. Trata-se do pior cenário estatístico anual da doença entre os gaúchos. A maior incidência ocorreu nas regiões Metropolitana, Norte e Noroeste.
Reunião
No dia 18, gestores, técnicos e conselheiros da área da saúde participaram de reunião em Porto Alegre para o lançamento de uma série de ações de combate à dengue e ao mosquito transmissor. A iniciativa foi organizada pelo governo gaúcho, com apoio da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems).
A atividade teve a participação presencial ou on-line de de 80 dos 497 municípios gaúchos. Também foi lançado o curso de capacitação sobre arboviroses, como foco no manejo clínico no âmbito da Atenção Primária em Saúde (APS), promovido pela Secretaria Estadual do setor e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Dentre as ações de enfrentamento à dengue está a implantação de sistemas de monitoramento e gestão de informações sobre a doença, tanto em âmbito estadual quanto municipal. No site saude.rs.gov.br constam dados sobre a circulação do Aedes aegypti, registro de casos das doenças transmitidas pelo inseto e hospitalizações relacionadas, além de classificações de risco para cada cidade.
Esses dados são importantes na definição e direcionamento de parâmetros assistenciais e quantidades necessárias de insumos, equipamentos e materiais em cada município. Além disso, no endereço virtual são informados a adequação e ampliação da estrutura laboratorial para o diagnóstico de casos suspeitos de dengue e identificação vetorial.
Outra ação planejada pela pasta é a implantação de um canal permanente sobre a dengue, para intercâmbio de informações entre diferentes áreas técnicas, com representantes estaduais e municipais. Também está nos planos a intensificação da comunicação de risco em saúde de forma direta e transparente para a população, apresentando cenários de risco para a doença e infestação, entre outras estratégias.
Também serão implantadas iniciativas para prevenção e combate ao Aedes nas escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul, além de educação permanente para preparação das equipes multiprofissionais nos serviços de saúde, como capacitações, seminários on-line e videoaulas sobre manejo clínico e supervisão.
Há, ainda, já em processo de implantação em diversos municípios gaúchos, um novo sistema de monitoramento por meio de armadilhas para ovos (ovitrampas) a fim de monitorar e detectar precocemente a presença e densidade de Aedes aegypti.
(Marcello Campos)