A estiagem que afeta o Rio Grande do Sul já levou 167 municípios a decretaram situação de emergência em função da falta de chuva. Deste total, 53 já foram homologados pelo Estado e 53 reconhecidos pela União. Ao todo, o Rio Grande do Sul possui 497 municípios. Os dados são da Defesa Civil do Estado, que informa ainda que 93 cidades declararam impactos pela falta de chuva e aguardam a formalização do decreto.
O decreto é uma ferramenta que permite que municípios busquem recursos junto aos governos estadual e federal. Também garante mais liberdade para que prefeitos possam fazer a contratação de serviços e materiais de forma emergencial para combater a crise, sem precisar executar um processo licitatório.
O milho é a cultura mais prejudicada no cenário de estiagem de 2023, dado que suas lavouras estão em fase de florescimento e enchimento dos grãos, que é considerada a mais sensível. A produção de leite também sofre impacto, já que a alta temperatura prejudica os animais e há falta de alimento para o gado.
Para o diretor-técnico da Emater, Alencar Paulo Rugeri, as chuvas irregulares e com volume não uniforme são o grande problema da estiagem deste verão, que começou mais cedo, com os primeiros reflexos ainda em novembro do ano passado. Em 2022, 426 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, decretaram situação de emergência pela estiagem.
“Temos um período difícil e o pior é que nós continuamos em estiagem. Estamos diante desse cenário nada confortável para o setor primário”, explica Rugeri.
O especialista ressalta que a chuva precisa voltar a manter uma regularidade. Do contrário, os prejuízos dificilmente serão revertidos.
Racionamento
Na região de Santa Maria, as comunidades de Cristal, Amaral Ferrador, Pedras Altas e Morro Redondo sofrem com cacimbas e açudes secos, alimentação escassa para o gado e quebra nas lavouras. As perdas até a última quinta-feira ultrapassavam os R$ 67 milhões. Na Campanha, o município de Bagé começa esta semana com 12 horas de racionamento de água.
E o pior: os rastros de preocupação – no campo e na cidade – tendem a crescer. A estiagem deve se agravar entre fevereiro e março, com chuvas abaixo da média climatológica e poucos dias com instabilidade. Quem afirma é a meteorologista da Metsul, Estael Sias. “A chuva não vem em quantidade suficiente para reverter este quadro nas próximas semanas e, pelo menos, até meados do outono ainda teremos influência do fenômeno climático La Niña”.
Na pecuária leiteira, a estiagem também deverá provocar perdas, para além das quedas na produção que já tiram o sono dos produtores. “Com o animal enfraquecido, depauperado, atrasa o cio e todo o ciclo da produção acaba sendo afetado”, ressalta Mauch. São prejuízos que ainda irão doer no bolso.