30/01/2023 às 21h11min - Atualizada em 31/01/2023 às 00h47min

Alvos de operação contra lavagem de dinheiro e organização criminosa são indiciados pela Polícia Civil gaúcha

A Polícia Civil gaúcha, através da Delegacia de Repressão a Lavagem de Dinheiro (DRLD) do Denarc, enviou nessa segunda-feira (30) ao Poder Judiciário, o

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A Polícia Civil gaúcha, através da Delegacia de Repressão a Lavagem de Dinheiro (DRLD) do Denarc, enviou nessa segunda-feira (30) ao Poder Judiciário, o inquérito da Operação Pegasus, contra lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A investigação apurou e desarticulou uma rede complexa de lavagem de capitais, relacionada a distribuição de drogas no Estado, a partir de facções das zonas leste e sul da capital gaúcha, bem como Vale do Sinos, interligada com alvos de uma grande facção nacional.

Deflagrada em junho de 2022, a operação foi realizada em dez Estados brasileiros (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Rondônia e Amazonas), em uma investigação que durou um ano e identificou mais de 43 operadores nestes locais. Foram presas 18 pessoas no dia da operação, sendo que alguns suspeitos confessaram os delitos.

Ao total, durante a investigação e no dia da deflagração, 502 Medidas Cautelares dentre afastamentos de sigilos bancários, financeiros, fiscais, telemáticos, mandados de busca, prisões e sequestros de bens foram deferidos.

O total de movimentação financeira da organização, durante cinco anos, foi de R$ 347 milhões, principalmente usando o sistema financeiro, em uma lavagem de capitais sofisticada, também por meio da bolsa de valores e criptomoedas.

O total indisponibilizado/sequestrado pode chegar a R$ 4 milhões de reais, dentre bens móveis, imóveis e ativos financeiros. No dia da ação, foram apreendidas armas, drogas, material de preparo de distribuição de entorpecentes, dólares, pesos, R$ 200 mil em espécie, documentos, cheques em branco, mídias, dentre outros.

Em uma ação controlada, feita pela 4ª DIN/DENARC, com alvos gaúchos da operação, foram apreendidos uma tonelada de maconha e R$ 500 mil em espécie na região metropolitana. Em outra, da 2ª DIN/DENARC, fuzil e cocaína na zona leste da capital.

Modus operandi

O modus operandi da organização, com alta complexidade e divisão de tarefas, consistia em usar empresas reais, fantasmas e de fachada, a fim de receber pagamentos de líderes da facção gaúcha sediada em Porto Alegre, bem como usar grandes operadores de lavagem de capitais e laranjas pessoas físicas, empresários, comerciantes, sem antecedentes, a fim de dar aparência de legalidade às transações.

Além disso, realizavam o transporte de altas quantias, após centenas de transações no sistema financeiro nacional, utilizando de depósitos e saques fracionados, pulverizados nestas empresas e pessoas físicas, utilizando cheques ao portador, dentre outras técnicas complexas de burla às fiscalizações administrativas.

Os valores eram destinados aos grandes distribuidores de cocaína, sediados principalmente em São Paulo e Mato Grosso do Sul, a partir de compra por líderes estaduais destas duas facções uma sediada em Porto Alegre e outra no Vale do Sinos.

O fluxo de ativos espúrios, a partir de Porto Alegre, chegava em São Paulo, e de lá partia para os demais estados, através de empresários ligados a facção nacional, em um emaranhado de transações de alta expertise. Foram bloqueados os bens destas empresas e de seus diretores, que também foram presos no dia da operação.

Os valores eram destinados também a portos, fronteira, empresas reais e de fachadas ligadas a explosivos, aviação, barcos, criptomoedas, extração de pedras, dentre outras. Há a suspeita, ainda sob investigação, de valores e cocaína destinados à Europa.

O retorno dos valores, já com aparência de legalidade, eram destinados a doleiros do sul do Estado, presos no dia da operação, que em um núcleo muito bem articulado de pessoas físicas e empresas, realizavam nova etapa no sistema financeiro, a fim de retorno aos traficantes gaúchos e também nova remessa ao centro do País para investimentos em criptomoedas e saques por operadores da facção nacional, em um ciclo constante. Somente um destes alvos do sul do Estado movimentou R$ 21 milhões em seis meses.

Três empresas de São Paulo e uma em Mato Grosso do Sul tiveram suas contas e bens bloqueados, com prova robusta de mescla e integralização de capitais espúrios.

Os alvos estão sendo indiciados por lavagem de dinheiro e organização criminosa, sendo os operadores logísticos também já indiciados anteriormente por tráfico de drogas em outros expedientes policiais.



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