01/02/2023 às 10h11min - Atualizada em 03/02/2023 às 00h01min

Coccidiose em frangos de corte se mantém elevada na avicultura brasileira, com maior presença na fase de crescimento das aves, aponta Sistema AVIS

SALA DA NOTÍCIA Viviane Righetti Passerini

Por Jessica Wammes, médica-veterinária pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e assessora técnica de avicultura da Phibro Saúde Animal 

O Brasil é o segundo maior produtor (14,5 milhões de toneladas) e o maior exportador de carne de frango (4,85 milhões de toneladas) do mundo, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que indica que cada brasileiro consome em média 45 quilos da proteína anualmente – seja in natura ou como diversos derivados. Esses dados mostram a força desse setor para a nutrição e a economia nacional. 

Os desafios sanitários da avicultura são amplos e bastante expressivos. A coccidiose é um exemplo disso. Essa doença, uma das mais importantes a ameaçar constantemente as aves, provoca danos ao epitélio intestinal e, consequentemente, provoca prejuízos na digestão, absorção e aproveitamento dos alimentos. Além de comprometer o bem-estar dos animais. Pior do que isso – conforme salientam estudos recentes e atualizados – causa US$ 13 bilhões em perdas e gastos por ano no mundo. 

O Programa de Assistência Veterinária e Integralidade Sanitária (AVIS), desenvolvido e mantido pela Phibro Saúde Animal, registrou em 2022 a incidência de 9,86% de lesões provocadas pela Eimeria acervulina, 6,18% pela Eimeria maxima e 4,98% pela Eimeria tenella nos frangos de corte monitorados pelo programa. Essas três espécies são as mais importantes causadoras da coccidiose em frangos de corte. Em 2021, o índice foi de 11,96% para E. acervulina, 7,64% para E. maxima e 4,34% para E. tenella. 

Os dados foram tabulados a partir da avaliação de 5.920 aves em 2022 pelo Programa AVIS. Eles mostram que o problema é presente e constante no país. Além disso, em uma avaliação de prevalência em períodos diferentes da vida do frango (como ilustrado no gráfico) é possível notar que há maior incidência de coccidiose após os 25 dias de idade, em especial para E. acervulina e E. maxima, as duas espécies que causam maior prejuízo à indústria avícola. 

No primeiro período, que vai até os 24 dias de idade, a prevalência de E. acervulina foi de 5,17%; a partir dos 25 dias, o índice subiu para 12,41%. Para E. maxima, a primeira fase teve prevalência de 3,76% e, na segunda, a taxa subiu para 7,48%. A tendência não ocorreu para E. tenella, cuja prevalência variou de 0,01 ponto percentual para baixo, passando de 4,97 (até 24 dias) para 4,96% (após 25 dias de idade). 



Os mais representativos índices da doença foram observados nos meses de junho e julho para E. acervulina, com 16,94% e 17,49%, respectivamente. Para E. maxima, os meses de fevereiro e novembro mostraram as maiores incidências – 8,25% e 7,63%. Não há ligação clara com determinada época do ano (verão ou inverno), mas provavelmente a relação ocorra em razão de alguns fatores: as condições de manejo propícias para a esporulação dos oocistos (umidade e temperatura da cama); as condições adversas de ambiência que impactam o consumo de ração pelas aves; e o programa anticoccidiano em uso. 

Aliás, o planejamento do programa anticoccidiano focado na rotação correta das moléculas utilizadas nos produtos – o que chamamos de "rotação de fato" – é uma estratégia técnica e importante para o controle eficaz da enfermidade. Essa prática, evidentemente, não exclui a necessidade de propiciar condições de ambiência e manejo adequadas nos galpões. 

Além disso, por meio de monitoria sanitária – como a realizada pelo Programa AVIS, podemos identificar comportamentos e tendências no plantel, enxergando oportunidades para gerar melhores resultados zootécnicos e sanitários às aves. Em estudo de 1993, Conway e colaboradores demonstraram que aves lesionadas por E. maxima, mesmo com baixos escores de lesão, obtiveram menor ganho de peso e pior conversão alimentar quando comparadas a aves sem coccidiose. Ao utilizar uma ferramenta para gestão dos dados de necropsia, é possível dar visibilidade às informações, criar alertas quando determinados índices são ultrapassados ou estão em tendência de aumento – o que auxilia de forma efetiva na tomada de decisões proativas e na redução de prejuízos. 

Disponível no Brasil desde 2019, Programa AVIS, da Phibro, obtém dados diretamente nas granjas, via aplicativo para smartphone. Essas informações são sincronizadas em um plataforma on-line. O aplicativo é extremamente simples e conta com guia de lesões, servindo como apoio ao técnico que realiza a necropsia. Apesar de simples, o aplicativo é completo, conta com parâmetros de avaliação não apenas do sistema intestinal e coccidiose, mas também do sistema imune, sistema respiratório, lesões sugestivas de micotoxinas, sistema locomotor e desenvolvimento. Na plataforma www.phibrointestinalhealth.com.br é possível emitir relatórios personalizados, sendo possível visualizar o comportamento das prevalências por idade, região, sexo, linhagem e tipo de galpão. Esta ferramenta auxilia na gestão dos dados, dando suporte à saúde e ao bem-estar dos plantéis. 

Os desafios sanitários na avicultura são expressivos, exigindo importante investimento no custeio da prevenção, controle e tratamento de doenças e proporcionando altas perdas em produtividade. Diante desse desafio, contar com uma ferramenta como o AVIS que auxilia no monitoramento da coccidiose e outros parâmetros sanitários é atuar de maneira holística e comprovadamente eficaz em benefício da saúde, do bem-estar animal e, como consequência intrínseca, da produção de alimentos seguros e saudáveis para a população. 


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