Uma ação de órgãos federais resgatou cerca de 150 trabalhadores que atuavam na colheita da uva e abate de frangos em Bento Gonçalves na noite desta quarta-feira (22). A investigação aponta para trabalho análogo à escravidão e tráfico de pessoas, após algumas das vítimas terem conseguido escapar do cárcere e acionar a polícia.
Uma ação conjunta do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegou até o local onde estavam as vítimas. Essas pessoas foram atraídas com a falsa promessa de que ganhariam R$ 3 mil e mais toda alimentação e hospedagem, mas a realidade é que elas acabaram devendo para os estelionatários.
Os agentes fizeram buscas em uma pousada no bairro Borgo, onde os trabalhadores ficam hospedados. Eles foram conduzido para via pública, onde estão sendo identificados e ouvidos. Dois fiscais do trabalho irão vistoriar a pousada.
As condições dos quartos são visivelmente deploráveis. Os cômodos reduzidos eram utilizados por vários trabalhadores ao mesmo tempo. A sujeira, a desordem e o cheiro lembram cenas vistas em presídios superlotados.
O caso foi denunciado por trabalhadores que fugiram e procuraram a PRF na Região Metropolitana. Eles relataram que foram cooptados na Bahia e trazidos para a Serra gaúcha para atuarem em uma empresa que presta serviços à vinícolas. Os aliciadores de mão de obra prometiam salários acima da média e direitos trabalhistas, o que não se cumpriu.
Os relatos eram que os trabalhadores precisavam atuar das 5h às 20h, com folgas apenas aos sábados, e recebiam comida estragada. As denúncias apontam que os trabalhadores só podiam comprar produtos em um mercado no próprio local, com preços superfaturados e que o valor gasto era descontado no salário. Desta forma, eles terminavam o mês devendo, pois o consumo superava o valor da remuneração.
Os trabalhadores também relatam que eram impedidos de deixar o trabalho, justamente em razão da tal dívida. Outras denúncias afirmam que os empregadores ameaçavam as famílias dos homens que ficaram na Bahia.
Fonte: Portal Leouve