Em conversas com pessoas de seu círculo próximo, Michelle Bolsonaro tem defendido que Jair Bolsonaro permaneça mais tempo nos Estados Unidos. Ele está no País há dois meses.
A avaliação da ex-primeira-dama, que está no Brasil desde o fim de janeiro, é que o marido segue “em risco” e que será “alvo da Justiça” assim que pisar no Brasil.
Apesar de Michelle ter dito publicamente, no início do mês, que Jair Bolsonaro não teme a prisão, em conversas reservadas a ex-primeira-dama sinaliza que também tem receio de vê-lo atrás das grades. O ex-presidente é alvo de diversas ações no Supremo Tribunal Federal, no Tribunal Superior Eleitoral e na Justiça comum.
O próprio Bolsonaro admitiu que vê risco de prisão em seu retorno ao Brasil, em reportagem do jornal “Wall Street Journal”. Na mesma entrevista, o ex-presidente também disse que pretende retornar ao seu país em março.
A cúpula do PL, seu partido, trabalha com a volta do capitão reformado neste mês. A sigla pretende fazer um evento ou ato com pompa e circunstância para receber Jair Bolsonaro, mas até hoje não tem uma previsão de data para ele aterrissar em solo brasileiro. Há, inclusive, o receio que ele venha às escondidas, sem comunicar ninguém.
Jair Bolsonaro tem dado sinais trocados sobre seu retorno. Em algumas conversas, garante que volta em março. Em outras, sinaliza que permanecerá nos EUA para fazer “articulações políticas” com a direita daquele país.
Jornal francês
O site do jornal Le Monde dessa quarta-feira (1º) publicou uma matéria sobre o “crepúsculo” de Jair Bolsonaro. O ex-presidente brasileiro que, de acordo com o diário, reagiu mal à derrota para Lula e ao caos que cercou seu fim de mandato em Brasília, não sabe o que fazer nos Estados Unidos, onde vive sozinho.
“No número 200 da Aubern Avenue, em Kissimee, na Flórida, tem uma casa grande, desprovida de charme”, descreve o jornal. “Ela tem uma cozinha equipada, spa, salas de cinema e jogos privativas. Mas tudo isso não é suficiente para animar ao atual inquilino, um homem de 67 anos: Jair Bolsonaro”, afirmou o Le Monde.
Um exílio simbólico para o líder de extrema-direita, chamado de “mito” por seus apoiadores, que agora “está reduzido ao silêncio, à reclusão e à solidão”, resume o vespertino.
De acordo com o jornal, Bolsonaro sai pouco da casa e cruza raramente os vizinhos. Às vezes, é visto passeando com as mãos nos bolsos, em supermercados, ou devorando porções de frango frito de fast food. “Ele ainda não foi visto na Disneylândia, que fica a quinze minutos de carro” do condomínio, ironizou o jornal, segundo o qual, a vida do ex-presidente é limitada.
Seu “amigo” Donald Trump ainda não o convidou para uma visita à sua luxuosa mansão de Mar-a-Lago e ele recebe raramente a visita de seus três filhos, Flávio, Carlos e Eduardo.
O custo financeiro da vida de Bolsonaro na Flórida é alto: até agora, quase — 200 mil (mais de R$ 1 milhão) já foram gastos para manter o ex-presidente e sua equipe nos Estados Unidos, contabiliza o jornal. Somente o aluguel da mansão chegaria a US$ 1.000 por dia (mais de R$ 5.000). As conferências VIP do ex-presidente nos Estados Unidos a empresários locais renderam apenas US$ 10 mil, “uma ninharia, em comparação com as centenas de milhares obtidos por Obama, Sarkozy e até Lula”, afirmou o diário.