A presença da cigarrinha do milho vem sendo observada no Brasil desde 1930, porém, a partir de 2015, ela vem se tornando uma grande preocupação para os produtores rurais. Considerada uma das pragas mais vorazes da agricultura, a cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é um inseto que se hospeda nas lavouras e prejudica a plantação. Somente no Paraná - estado que responde por 14,8% da produção nacional de milho na safra 2021/22 e com exportações que ultrapassam os US$ 183 milhões - o inseto é responsável por 60% das perdas na produção de lavouras das regiões Oeste e Nordeste do estado - segundo levantamento realizado pelo IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural).
A crise é tanta, que muitos produtores paranaenses estão reavaliando o plantio de milho e plantando sorgo - considerado “primo do milho” - ou soja, como alternativa para a próxima safra. Segundo dados do boletim da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), divulgado em agosto, sete estados produtores de milho da segunda safra constataram a presença da cigarrinha. Produtores catarinenses também tiveram o mesmo problema. De acordo com informações da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), a infectividade das populações atingiu 86,72% das amostras analisadas, com presença de avarias múltiplas em vários municípios. No Rio Grande do Sul a situação não é diferente e alguns produtores tiveram perdas de 60% nas lavouras. A Associação dos Produtores de Milho (Abramilho) informa que o setor produtivo está preocupado com a situação, uma vez que a cada ano ela se alastra mais, dificultando a medição do prejuízo causado.
Produtos biológicos no combate à praga
Paralelo a isso, uma das soluções encontradas para combater o inseto são os produtos biológicos à base de fungo. Aplicado por vias aéreas, os fungos são capazes de exterminar populações inteiras de cigarrinhas de milho de uma maneira sustentável, isso é, sem agredir o meio ambiente, a lavoura, o ser humano ou outros animais.
"Os fungos são aplicados no ar e ao entrarem em contato com a cigarrinha do milho eles contaminam o inseto o levando primeiro a paralisação e depois a morte. O grande segredo da eficácia desse insumo biológico é que se outras cigarrinhas do milho tiverem contato com o corpo do inseto morto elas também serão contaminadas por novos fungos. Dessa maneira diversas cigarrinhas do milho são exterminadas sem agredir as plantações", comenta Artur Teixeira, coordenador técnico comercial da VitalForce, empresa especializada em produtos biológicos.
Diferente de outros meios de combate à praga, os insumos biológicos à base de fungos permitem o consumo dos alimentos produzidos na lavoura com um tempo muito reduzido de espera. Isso ocorre porque eles não têm elementos químicos em sua composição. São organismos vivos que voltam para a natureza e estimulam um processo natural para proteger a lavoura.
"É uma alternativa saudável e sustentável. Os produtos à base de fungos estão cada vez mais em alta. Além da aplicação aérea temos também a aplicação por solo, que auxilia na produtividade das grandes culturas. Utilizamos insumos biológicos à base de fungos também na pecuária. Esses contribuem com o combate de infestações e pragas em bois, cavalos e capivaras. Acreditamos que os insumos biológicos são um caminho sem volta e vieram visando tornar o agronegócio ainda mais sustentável", finaliza Artur.
Segundo a CropLife Brasil, associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em quatro áreas essenciais para a produção agrícola sustentável, os produtores de biológicos investem R$ 300 milhões por ano nesse segmento e cerca de 15% de todo o faturamento anual com as empresas associadas é voltada aos biológicos. A associação estima que o setor movimente aproximadamente R$ 2 bilhões.
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