As alternativas para o financiamento da irrigação foram a principal temática do Fórum Gaúcho de Desenvolvimento Econômico 2023, realizado nesta quinta-feira (9) durante a Expodireto Cotrijal. A iniciativa da Rede Pampa e do Badesul buscou debater soluções financeiras para o desenvolvimento gaúcho e reuniu lideranças de diversos setores no estande do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers).
Na abertura do evento, o vice-governador do Estado, Gabriel Souza, ressaltou a resiliência do agronegócio, setor responsável por 40% do PIB gaúcho. “Estamos tendo a maior Expodireto da história mesmo no terceiro ano de estiagem. A força do agro nos impressiona, e o nosso governo tem se debruçado na missão de diminuir o impacto da seca para os produtores rurais”, assegurou.
O presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, também destacou o potencial do Rio Grande do Sul e da feira setorial promovida em Não-Me-Toque, palco de importantes reivindicações para o segmento: “Temos conversado com várias entidades sobre fundos para a irrigação, seguros e subsídios agrícolas, porque a estiagem não é mais pontual, virou rotineira”, lamentou Mânica.
Pensando no pós-Expodireto, o prefeito da cidade-sede, Gilson dos Santos, reafirmou a responsabilidade dos agentes públicos de pavimentar o caminho para tirar do papel as ideias construídas durante a feira, a fim de que “não se fique falando de estiagem esse ano, no próximo ano e no outro ano também”.
Na sequência, com a mediação do vice-presidente da Rede Pampa, Paulo Sérgio Pinto, deu-se início ao debate, que contou com a participação do secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul, Ernani Polo; do presidente do Simers, Claudio Bier; do presidente do Conselho da Stara, Gilson Trennepohl; e dos diretores do Badesul Flavio Lammel e Kalil Sehbe Neto.
Soluções para a estiagem e os desafios da irrigação
A possibilidade de um Fundopem/RS (Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul) para a irrigação está sendo avaliada internamente pelo governo gaúcho, garantiu Ernani Polo. Outra proposta é a estruturação de uma linha de crédito subsidiada pelo Estado, em parceria com o Badesul, para implementar sistemas de irrigação.
No entanto, o presidente da Stara defendeu que “de nada adianta ter dinheiro se sempre esbarramos nas questões ambientais, se pedimos uma licença e nunca recebemos”. Na opinião de Trennepohl, a primeira preocupação precisa ser essa desburocratização, dando mais liberdade para os agricultores construírem barragens e poços artesianos, utilizando, por exemplo, a água oriunda do Aquífero Guarani.
Já Claudio Bier exemplificou o poder da irrigação, afirmando que, em uma safra normal, uma plantação de milho em um hectare sem irrigação resulta em 100 sacos, enquanto com irrigação é possível colher mais de 250 sacos do grão. O Simers, sob o comando de Bier, foi o idealizador do projeto do Fundopem para a irrigação: “Essa luta já tem mais de 20 anos e eu não vou desistir. Essa iniciativa vai resolver o problema da irrigação no Rio Grande do Sul”.
Fechando o painel, os diretores do Badesul, agência de desenvolvimento do Estado, comentaram sobre o papel do banco, que oferece consultorias e um conjunto de soluções financeiras de longo prazo para projetos do setor público, de empresas privadas e de produtores rurais. Segundo Flavio Lammel, a instituição financiou R$ 600 milhões na última Expodireto, e a previsão é ultrapassar os R$ 800 milhões nesta edição.
O diálogo foi a principal bandeira levantada pelo diretor financeiro do banco, Kalil Sehbe Neto, que ratificou a integração do Badesul às políticas públicas estaduais. “Estamos no caminho certo, aptos a articular com o Ministério Público e os órgãos ambientais novas possibilidades para as necessidades do agro gaúcho, como a irrigação, porque os recursos para investir nós temos”, pontuou.
A cobertura completa do evento poderá ser conferida na programação da TV Pampa no dia 11 de março, às 13h, bem como em um caderno especial na edição do Jornal O Sul do dia 17 de março.