21/03/2023 às 23h04min - Atualizada em 22/03/2023 às 00h03min

Em audiência na Assembleia gaúcha, ministro defende acordos mas diz que não aceitará regimes perversos de trabalho

Em audiência na Assembleia gaúcha, ministro defende acordos mas diz que não aceitará regimes perversos de trabalho - Jornal O Sul

Jornal O Sul - RS
https://www.osul.com.br/em-audiencia-na-assembleia-gaucha-ministro-defende-acordos-mas-diz-que-nao-aceitara-regimes-perversos-de-trabalho/

Durante audiência pública no teatro da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que o governo federal “quer construir acordos mas não vai aceitar formas perversas de exploração dos trabalhadores”. Ele se referia aos esforços das autoridades para evitar a prática de regimes análogos à escravidão como o flagrado no final de fevereiro em Bento Gonçalves (Serra Gaúcha) e casos similares denunciados recentemente.

“O trabalho escravo é um tiro no pé da atividade econômica e um tiro no peito do Brasil”, declarou ao participar de debates na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Parlamento. Seu comparecimento partiu de uma proposta do deputado estadual Miguel Rossetto (PT), com foco na discussão de novas diretrizes para o setor no País.

Dirigindo-se a uma plateia formada por sindicalistas, servidores e trabalhadores terceirizados, ele alertou que não será fácil realizar as mudanças pleiteadas pela classe:

“Não basta a vontade política do governo. É preciso que a sociedade queira mudar, criando uma correlação de forças favorável. Para isso, mobilização e pressão são fundamentais. O conselho vale tanto para a erradicação do trabalho escravo e infantil quanto para a alteração da legislação que trata das terceirizações, um dos pontos da pauta do movimento sindical”.

Marinho afirmou, ainda, que o impeachment da presidente Dilma Rousseff “destampou a panela do inferno das relações trabalhistas, abrindo as portas para a supressão de direitos e aumentando a utilização do trabalho análogo à escravidão, que havia sofrido redução nos governos do PT [2003-2016]”.

Ele também fez questão de ressaltar que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pretende adotar uma lógica de penalização e que está oferecendo a todos os empreendedores “uma boia para que consertem suas falhas”: quem insistir em condutas ilegais terá pela frente o rigor da lei e uma “lista suja” que dificultará ou mesmo impedirá o acesso a financiamentos em bancos oficiais, dentre outras medidas.

Com a palavra…

Miguel Rossetto, por sua vez, defendeu o reequilíbrio da relação entre capital e trabalho e a recuperação do conceito de “trabalho digno”, ou seja, com remuneração adequada e proteção social. Ele criticou as “terceirizações ilimitadas”, que na sua opinião estão longe de representar a eficiência prometida, constituindo-se em uma “exploração brutal e selvagem da força de trabalho”.

O parlamentar petista defendeu o fortalecimento dos sindicatos, argumentando que “a democracia precisa da organização dos trabalhadores e de instrumentos fortes para enfrentar a tragédia secular que é a desigualdade no mundo do trabalho”.

Autoridades, deputados estaduais e federais e representantes dos trabalhadores se revezaram no microfone condenando o trabalho escravo, a Reforma Trabalhista, as terceirizações e a falta de regulamentação de novas profissões, como motoristas de aplicativos e entregadores.

O procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT), José de Lima Ramos, falou sobre a escravidão contemporânea, ressaltando que ela ocorre em todo o país. Ele alertou também que, muitas vezes o trabalho análogo à escravidão “caminha junto com o tráfico de pessoas”.

Representando o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), o desembargador Cláudio Barbosa relatou que nas ações julgadas pelo órgão “pipocam” elementos como jornada exaustiva e condições precárias de alojamento e alimentação: “A reforma trabalhista de 2017 [aprovada durante o governo do presidente Michel Temer, do MDB] favoreceu a precarização e a informalidade.

Já o secretário estadual do Trabalho e Desenvolvimento Profissional, Gilmar Sossela, mencionou o fato de o governo gaúcho ter instituído o “Projeto Legal”, iniciativa para monitorar as terceirizações em épocas de safra e orientar os empreendedores.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Rio Grande do Sul,  Amarildo Cenci, também se manifestou. Para ele, é preciso combater também formas precarizadas que ganharam “verniz” pela reforma, como o trabalho intermitente e atividades por meio de aplicativos, marcadas pela inexistência de alguns dos direitos trabalhistas mais elementares.

Também se dirigiram à plateia os deputados estaduais Cláudio Branchieri (Podemos), Leonel Radde (PT) e Mateus Gomes (PSOL), mais as federais gaúchas do PT Maria do Rosário, Reginete Bispo, Denise Pessoa, Daiane Santos (PCdoB), além de seu colega e correligionário Elvino Bohn Gass.

(Marcello Campos)



Fonte: https://www.osul.com.br/em-audiencia-na-assembleia-gaucha-ministro-defende-acordos-mas-diz-que-nao-aceitara-regimes-perversos-de-trabalho/
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Error
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp