O Ministério Público do Rio Grande do Sul apresentou denúncia à Justiça, nesta sexta-feira (24), contra um homem de 28 anos que matou seus quatro filhos na cidade de Alvorada (Região Metropolitana de Porto Alegre), em 13 de dezembro do ano passado. Conforme a investigação, os crimes foram cometidos porque ele não se conformava com o fim do relacionamento com a ex-companheira e mãe das vítimas.
No documento, o promotor responsável menciona os agravantes dos homicídios. Motivo torpe: o cometimento dos assassinatos para causar sofrimento a outra pessoa. Meio cruel: desferiu múltiplas facadas em crianças de 6, 8 e 12 anos, além asfixiar a caçula, de 3. Uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas: o denunciado se valeu de sua diferença de porte físico em relação aos filhos, todos menores de 14 anos e três deles do sexo feminino.
Ressalta, ainda, que cópias de mensagens enviadas pelo homem à mãe das crianças demonstram ciúme doentio: “Ele exigia a retomada do relacionamento, questionava as companhias dela e a ‘proibia’ de ter outros encontros”.
Os corpos foram encontrados na cada do pai, pela avó paterna. Ele foi preso no dia seguinte, quando chegava a um hotel em Porto Alegre, e nos depoimentos à Polícia Civil confirmou a motivação ligada a vingança e retaliação, embora negasse ter premeditado os infanticídios e se dissesse arrependido. “Eu estava em surto”, alegou.
A mãe das crianças, de 26 anos, havia obtido medida protetiva contra o ex-marido desde setembro, devido a um incidente de agressão. Mas a ordem de afastamento não impedia o contato do homem com seus filhos, até por não haver registros de violência contra eles, aspecto que chamou a atenção dos investigadores.
Tentativa de feminicídio
Em Erechim (Região Norte do Estado), o Tribunal do Júri condenou um homem a 16 anos de prisão por tentativa de feminicídio quadruplamente qualificado. Ele jogou um líquido inflamável na ex-companheira quando ela trabalhava em uma lancheria no Centro da cidade.
O processo criminal relata que a vítima ficou com o corpo em chamas porque o ataque foi cometido quando ela estava próxima a um equipamento que utiliza fogo para o preparo de lanches no estabelecimento. Mas a mulher conseguiu chegar à rua, onde foi socorrida por populares.
“A presença da vítima durante toda a sessão, demonstrando força, fibra e coragem para estar no último ato do processo em busca de justiça, mesmo com diversas sequelas permanentes das graves queimaduras, motivou a atuação do Ministério Público no julgamento”, salientou o promotor encarregado da acusação.
(Marcello Campos)