29/03/2023 às 23h37min - Atualizada em 30/03/2023 às 06h05min

Ministério da Saúde pede ao governo gaúcho um levantamento sobre serviços de oncologia disponíveis no Estado

Ministério da Saúde pede ao governo gaúcho um levantamento sobre serviços de oncologia disponíveis no Estado - Jornal O Sul

Jornal O Sul - RS
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O Ministério da Saúde pediu ao governo gaúcho um levantamento detalhado sobre os serviços de oncologia no Rio Grande do Sul. Na solicitação constam questionamentos sobre exames, diagnósticos, cirurgias e tratamentos oferecidos nos 31 centros de acompanhamento em atividade no Estado. A informação foi apresentada nesta quarta-feira (29), durante audiência pública na Assembleia Legislativa.

Diretor do Departamento de Atenção Especializada da Secretaria Estadual de Saúde (SES), João Marcelo Fonseca esteve na Comissão de Saúde e Meio Ambiente do Parlamento. A reunião teve por objetivo discutir o período de espera por tratamento de câncer em cidades da Serra Gaúcha.

Fonseca revelou que o documento tem que ser entregue à pasta federal até dia 20 de abril. “Este estudo será estruturante para uma nova fase da oncologia no Rio Grande do Sul, mostrando fragilidades e pontos fortes para o aprimoramento do sistema”, frisou.

Relatos de dificuldades de acesso ao tratamento – não apenas na Serra mas também em outras regiões – têm chegado de forma recorrente aos gabinetes parlamentares, especialmente, após a pandemia. A situação motivou o deputado estadual Pepe Vargas (PT) a propor a audiência, que reuniu, presencial e virtualmente, secretários de Saúde, diretores de hospitais e representantes de entidades.

“Desde fevereiro, temos recebido diversas denúncias de demoras significativas tanto para fazer exames diagnósticos quanto para iniciar o tratamento”, justificou o petista.

Embora a lei determine um prazo de 60 dias após o diagnóstico para o início do tratamento, participantes da audiência relataram esperas de quase dois anos. Isso tem levado ao retorno da judicialização, conforme reportou a coordenadora do Núcleo de Defesa da Saúde da Defensoria Pública, Liane Paz Deblé:

“Como soluções extrajudidicias estão difíceis, o ajuizamento não era mais comum mas aumentou, inclusive para garantir acesso a exames de diagnóstico”.

O secretário de Saúde de Nova Roma do Sul, Roberto Panazzolo, relatou que os problemas começaram em 2022: “Somos um município pequeno e temos seis pacientes aguardando por tratamento. Alguns já com diagnóstico há mais de 200 dias. Alguns podem falecer sem receber o tratamento. E não foi só o ajuizamento de ações que aumentou. As rifas e as vaquinhas também”.

Regulação

A representante da Secretaria da Saúde de Caxias do Sul, Marguit Meneguzzi, afirmou que a regulação dos serviços oncológicos da Serra é feita por Caxias por meio do Gercon (sistema próprio do estado). Ela contou que com a implantação do sistema, o Hospital Geral teve uma redução de 30% no número de consultas especializadas, caindo de 473 para 294.

O mesmo ocorreu com o Hospital Pompéia, que baixou de 171 para 132. Já o diretor do Hospital Geral, Sandro Junqueira, explicou que a redução se deu pela necessidade de compatibilizar o número de consultas com a capacidade de atendimento da instituição, que precisa ampliar sua área física para aumentar o número de leitos.

Ainda segundo ele, não há fila na radioterapia e o tempo de espera na quimioterapia é de sete a dez dias, similar ao de qualquer hospital privado. Junqueira apontou a “contra-referência” como uma alternativa para ampliar a oferta de leitos oncológicos no Hospital Geral. Por este sistema, os pacientes cirúrgicos seriam transferidos para hospitais menores no período de recuperação, possibilitando o “giro de vagas”.

O termo de cooperação, firmado entre governo do estado e Tribunal de Justiça, para a destinação de R$ 94 milhões a 26 instituições de saúde foi classificada pelos dirigentes hospitalares como uma medida importante para fazer a fila da Oncologia andar. De acordo com o presidente da Comissão de Saúde, deputado Neri Carteiro (PSDB), a prioridade será para pacientes com câncer, e os recursos possibilitarão a realização de mais de 65 mil exames e 8.800 cirurgias.

Recursos constitucionais
Ao encerrar a audiência, Pepe Vargas declarou que é parceiro para buscar o aumento do chamado “Teto Mac” (valor pago pelo Ministério da Saúde para serviços de média e alta complexidades), mas que o governo gaúcho  precisa cumprir a lei no que diz respeito a aplicação de recursos na área da saúde.

O parlamentar sustentou que o Executivo não vem aplicando os 12% da receita líquida de impostos e transferência no setor e maquia os balanços incluindo outros gastos que não são típicos do SUS, como os previdenciários:

“Só no ano passado, o governo deixou de aplicar R$ 1,3 bilhão. E não foi por falta de dinheiro, pois anunciou um superavit de 3,3 bilhões. Não posso imaginar o que seja mais importante do que a saúde das pessoas”, disparou.

Por fim, ele propôs a formulação de dois pedidos de dados à Secretaria Estadual de Saúde. Um para saber o represamento dos exames diagnósticos, consultas oncológicas e lista de espera por cirurgias. O outro sobre a utilização do “Teto Mac” pelas prefeituras gaúchos. Também participaram da audiência seus colegas Stela Farias (PT) e Airton Artus (PDT).

(Marcello Campos)



Fonte: https://www.osul.com.br/ministerio-da-saude-pede-ao-governo-gaucho-um-levantamento-sobre-servicos-de-oncologia-disponiveis-no-estado/
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