A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) analisa de forma cautelosa os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada nesta semana pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostrou um desempenho muito acima do esperado em janeiro, na comparação com o mês anterior, com uma alta de 5,8% no volume de vendas, contra 3,8% em âmbito nacional.
Os índices dizem respeito ao chamado “varejo restrito”, que não inclui materiais de construção e veículos. No ampliado, também houve crescimento acima da média brasileira: 1,6% no primeiro mês do ano, para 0,2%.
Mesmo salientando a importância dos indicadores positivos, o presidente da entidade, Vitor Augusto Koch, faz a ressalva de que esse não é o cenário apresentado por muitos dos segmentos do comércio: “O resultado foi inesperado. Mas parece estar concentrado em setores que exigem pouco crédito, como bens não duráveis e semiduráveis”.
Ele acrescenta: “Mesmo nos combustíveis, que tiveram um incremento de quase 66% nas vendas em janeiro, o resultado pode ter sido fruto da maior circulação das pessoas no período de férias, com viagens que demandam uso mais expressivo do produto. Certamente desejamos que essa tendência de crescimento se mantenha ao longo do ano, mas nesse momento é preciso ter cautela com um aumento tão elevado após quatro meses de desaceleração das vendas no comércio gaúcho”.
Koch lembra, ainda, que mesmo a comparação anual de janeiro de 2023 com igual período no ano passado (avanços de 8,5% no varejo restrito e 9,2% no ampliado) deve ser vista com cuidado, pois a base comparativa “é fraca” – no primeiro mês de 2022 ainda haviam restrições à circulação das pessoas, tendo em vista o pico da variante ômicron do coronavírus.
“Outro aspecto importante que pode fundamentar esse resultado positivo em janeiro é a onda de promoções e liquidações realizadas no período em todo o Estado”, prossegue Koch. “Essas ações de redução de preços em uma época de gastos extras para a maioria da população ajudam a puxar vendas. Os resultados refletem deflação e promoções no caso de vestuário, além da inflação menor e renda maior no caso dos supermercados.”
Por fim, o presidente da FCDL-RS enfatiza que manter esse nível de crescimento representa uma tarefa complicada pelo restante do ano, uma vez que a economia está em desaceleração, sentindo os efeitos dos juros elevados. “Essa tendência de manutenção de uma alta taxa básica de juros (Selic) deve continuar e pode afetar o desempenho do comércio.
(Marcello Campos)