14/04/2023 às 22h32min - Atualizada em 15/04/2023 às 00h04min

Paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria descobrem espécie de réptil que viveu no atual território gaúcho há 233 milhões de anos

Paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria descobrem espécie de réptil que viveu no atual território gaúcho há 233 milhões de anos - Jornal O Sul

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Um estudo publicado na revista internacional “Scientific Reports” por paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) relata a descoberta de uma espécie de réptil fóssil em área conhecida como Quarta Colônia, na Região Central do Rio Grande do Sul. O material – fragmentos das pernas de dois exemplares – é datado de 233 milhões de anos e proporciona novas informações sobre a origem dos dinossauros.

A equipe nomeou a espécie como “Amanasaurus nesbitti”, algo como “lagarto da chuva” (mesclando termos em tupi e grego), porque na época de existência do animal houve um período de muitas chuvas e umidade no planeta, conhecido como “evento pluvial carniano”. Já o “nesbitti” é uma homenagem ao cientista norte-americano Sterling Nesbitt, co-responsável por pesquisas sobre o grupo no qual a descoberta se encaixa.

Estima-se que o réptil tinha comprimento aproximado de 1,3 metro e e pertenceu a um grupo chamado de “Silesauridae”, de grande relevância no que se refere à origem dos dinossauros, de quem seriam os parentes mais próximos dos dinossauros ou mesmo  integrantes da base da árvore evolutiva dos “dinos” com chifres e armaduras.

O período do Amanasaurus nesbitti coincide com a fase em que as principais linhagens de dinossauros começavam a se estabelecer nos ecossistemas do planeta. Por conta disso, acreditava-se que os “silessauros” tivessem sido afetados pela competição com outros animais desse tipo, passando então a se tornar relativamente menores.

Agora, com a descoberta de Santa Maria, constatou-se que o tamanho corpóreo dos silessauros não foi drasticamente afetado naquele contexto. “Na verdade, atingiam tamanhos similares aos de dinossauros de outras linhagens”, ressalta a equipe da UFSM. “Além disso, os restos fósseis foram escavados em uma área que já revelou esqueletos fossilizados de outras linhagens de dinossauros e parentes próximos.”

O estudo foi conduzido pelo paleontólogo da UFSM Rodrigo Temp Müller e contou com a participação do doutorando Maurício Silva Garcia, do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal. A pesquisa recebeu apoio do governo federal via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).

Os restos fósseis do Amanasaurus nesbitti e de outas espécies estão depositados no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, unidade da UFSM localizada em São João do Polêsine. No local há uma exposição permanente e que pode ser visitada de forma gratuita por qualquer pessoa. Saiba mais no site ufsm.br.

Área propícia

Mundialmente conhecido por abrigar alguns dos fósseis mais antigos de dinossauros, o território do Geoparque Quarta Colônia tornou-se palco de diversas descobertas em paleontologia. A mais recente é uma nova espécie oriunda de uma região no interior do município de Restinga Sêca.

Os restos fósseis foram escavados em um sítio fossilífero conhecido como “Pivetta”, próximo do limite com o município de São João do Polêsine. Trata-se de um achado científico particularmente interessante porque Restinga Sêca ainda não possuía espécies de dinossauros oficialmente descritas.

(Marcello Campos)



Fonte: https://www.osul.com.br/paleontologos-da-universidade-federal-de-santa-maria-descobrem-especie-de-reptil-que-viveu-no-atual-territorio-gaucho-ha-233-milhoes-de-anos/

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