16/04/2023 às 23h26min - Atualizada em 17/04/2023 às 00h04min

Lula acusa Estados Unidos e Europa de prolongarem a guerra na Ucrânia

Lula acusa Estados Unidos e Europa de prolongarem a guerra na Ucrânia - Jornal O Sul

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Neste domingo (16), último dia de sua viagem oficial a Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou os Estados Unidos e a Europa de prolongarem o confronto entre Rússia e Ucrânia, iniciada há quase 14 meses. Ele também defendeu a criação de uma espécie de “G20 pela paz”, ou seja, um grupo de países neutros e que possam atuar como mediadores no cenário internacional.

“A paz está muito difícil”, declarou. “O presidente da Rússia não toma iniciativa de paz, o presidente da Ucrânia também não. E a Europa e os Estados Unidos acabam contribuindo para a continuidade desta guerra.”

Lula também voltou a insinuar que a própria Ucrânia teve participação no início do conflito, ainda que a iniciativa de invadi-la militarmente tenha sido de Moscou: “A construção da guerra foi mais fácil do que será a sua saída, porque a decisão da guerra foi tomada por dois países”.

A guerra começou em 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu o país vizinho. Desde o início do conflito, o governo de Kiev passou a receber armamento e munição dos norte-americanos e de vários países europeus, o que possibilitou segurar o avanço russo e transformar em longo conflito uma guerra que Vladimir Putin planejava encerrar em poucas semanas.

O governo brasileiro chegou a receber pedidos dos europeus para que vendesse munições aos ucranianos – O tema esteve na pauta da visita do chanceler alemão Olaf Scholz ao Brasil. Lula, porém, recusou os pedidos e afirmou que o Brasil não iria tomar partido no confronto militar.

As declarações de Lula foram feitas um dia após o presidente ter defendido o fim do envio de armamentos à Ucrânia e afirmado que os Estados Unidos precisavam parar de “incentivar a guerra”. Sobre a proposta de um bloco de países neutros atuarem em negociações de paz nos moldes de um “G20”, ele frisou ter conversado com a China e os Emirados Árabes Unidos:

“Estamos tentando construir um grupo de países que não querem a guerra e desejam construir a paz no mundo, para então conversarmos tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia. Mas também temos que ter em conta que é preciso conversar com os Estados Unidos e com a União Europeia”.

Por fim, Lula enalteceu a viagem: “Volto ao Brasil com a certeza de estarmos voltando à civilização, porque o governo está fazendo sua obrigação e se abrindo para o mundo, ao mesmo tempo em que convencemos o mundo de se abrir para o Brasil”.

Assinatura de acordos

Dentre os pontos-altos da viagem estão os acordos firmados com os Emirados Árabes Unidos durante a visita oficial e os assinados com a China, primeira escala do presidente brasileiro.

Ele chegou no sábado a Abu Dhabi, onde se reuniu com o xeique Mohammed bin Zayed al-Nahyan. As relações bilaterais e a questão climática foram os principais temas do encontro.

Os governantes focaram a conversa em temas sobre trabalho ambiental, mudança climática, energias renováveis, segurança alimentar e outros aspectos da cooperação”, entre outras questões de natureza econômica, comercial e de desenvolvimento, bem como do campo da tecnologia.

Nesse sentido, ambas as partes afirmaram que estão “em linha com os esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável em ambos os países”.

Dubai sediará a COP28 entre 30 de novembro e 12 de dezembro deste ano, que já está cercada de polêmica desde que se soube que o diretor-executivo da Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (ADNOC), Sultan Al Jaber, presidirá a conferência internacional. No início de janeiro deste ano, Belém foi a cidade escolhida como candidata oficial do país para sediar a COP30.

No final da reunião, os líderes trocaram uma série de memorandos de entendimento, bem como uma declaração conjunta no campo da ação climática para promover ambições de ação multilateral sobre a mudança climática. As cooperações acordadas abrangem o comércio, os esportes e a inteligência artificial.

“A parceria entre nossos países está amparada em ricas conexões nas mais diversas áreas, traduzida nos números expressivos do nosso comércio, na cooperação em esportes e em inteligência artificial”, disse Lula no encerramento do evento.

Depois de assinar os documentos, o presidente dos Emirados ofereceu à delegação brasileira um banquete por ocasião do Iftar, que marca a quebra do jejum do mês do Ramadã, com o qual se encerra aquela que é a primeira visita de Lula ao emirado em seu terceiro mandato, embora já tenha visitado o país do Golfo Pérsico uma vez em 2003, ano inicial de seu primeiro mandato.



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