17/04/2023 às 22h41min - Atualizada em 18/04/2023 às 06h01min

Governo federal planeja ampliar investimento em defesa militar

Governo federal planeja ampliar investimento em defesa militar - Jornal O Sul

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O governo brasileiro planeja ampliar, quase que dobrar, nos próximos anos seu investimento em defesa militar. O Ministério da Defesa elabora uma proposta, que será apresenta ao presidente Lula nos próximos dias, que prevê uma ampliação gradativa de gastos militares.

Atualmente, o gasto fica em torno de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), cerca de R$ 19 bilhões. Pelo desenho que vem sendo elaborado, a ideia é que nos próximos anos suba para 1,6%, depois para 1,8% até chegar em 2%, que é o teto da Otan.

Há a avaliação no governo de que países em geral têm ampliado investimentos na indústria de defesa, até mesmo aqueles que tradicionalmente são avessos a isso, como Portugal e Japão.

Em outra frente, o governo trabalha para recuperar parte das empresas nacionais que passam por dificuldades financeiras. Uma delas é a Avibras. As Forças Armadas têm ampliado compras de munição e componentes da empresa, mas o governo tem estudado outras maneiras de ajudá-la na recomposição financeiramente, apesar de ser privada.

Ponte

Após completar cem dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se empenhado em reconstruir pontes com as Forças Armadas, após um início de mandato marcado por turbulências na relação, como o envolvimento de militares nos atos extremistas de 8 de janeiro, e a demissão do comandante do Exército, Júlio César de Arruda.

Oficiais militares reconheceram os movimentos de Lula pela recomposição dos laços, mas sustentam que esses gestos ainda são insuficientes porque ainda existem pedras no caminho. Uma delas são os processos em curso contra militares suspeitos de participação na depredação das sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro.

Outro percalço vem do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania: o ministro Silvio Almeida encaminhará a Lula uma minuta de decreto para recriar a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) na ditadura militar (1964-1985), que foi extinta no governo de Jair Bolsonaro, e é pauta indigesta para a caserna.

Embora ainda haja obstáculos a uma concertação entre ambos os lados, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse que, durante esses cem dias, o governo “avançou muito no processo de pacificação do País e na despolitização das Forças Armadas”, em um movimento pela consolidação democrática. Múcio, que petistas tentaram afastar do cargo após os atos golpistas, é considerado peça-chave na relação do governo com os militares.

Houve avanços, mas o preço da pacificação será alto porque as feridas causadas pelos ataques de 8 de janeiro ainda estão abertas. No dia seguinte ao ocorrido, Lula e os demais chefes de Poderes articularam uma ostensiva reação institucional em defesa da democracia. O presidente reuniu no Palácio do Planalto, entre vidros estilhaçados e móveis destruídos, os representantes dos três Poderes, ministros, parlamentares, e quase todos os governadores.

Ao fim, Lula desceu a rampa do palácio de braços dados com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, outros ministros da Corte, governadores e parlamentares a fim de simbolizar a união das instituições em defesa da democracia.

Em declarações nos dias que se sucederam aos ataques, Lula externou sua suspeita sobre os militares. Em um café com jornalistas, o presidente disse suspeitar da “conivência de muita gente da polícia militar e das forças armadas” na invasão ao Planalto. Em outra oportunidade, justificou a troca dos ajudantes de ordens militares por civis porque havia perdido a “confiança” nos auxiliares.

O estremecimento das relações começou a refluir no último mês, quando Lula fez sucessivos gestos de aproximação da caserna, e dará continuidade ao movimento, por orientação de Múcio. No dia 19 de abril, quando se comemora o Dia do Exército, Lula deve participar de almoço com integrantes do Alto Comando da força terrestre, a convite do comandante, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.



Fonte: https://www.osul.com.br/governo-federal-planeja-ampliar-investimento-em-defesa-militar/

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