O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou, nesse sábado (22), fazer comentários sobre a demissão do general Gonçalves Dias do cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e sobre a possibilidade de instalação da CPI mista dos Atos Extremistas.
Lula foi questionado sobre os temas durante entrevista em Lisboa, após uma reunião com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Essas perguntas sobre o Brasil seria tão bom que fossem feitas para mim quando eu voltasse ao Brasil, porque fazer uma viagem a Portugal, fazer acordos com Portugal, discutir assuntos de interesse do mundo, e não só dos nossos países, e, depois, eu ficar respondendo perguntas sobre problemas internos do Brasil, não é muito justo para quem vai nos ouvir”, afirmou Lula.
Sobre a crise no GSI, Lula afirmou apenas que vai tomar providências sobre o tema no retorno ao Brasil.
Em relação à CPI mista dos Atos Extremistas, proposta pela oposição e que deve ser criada na próxima semana no Congresso, o petista afirmou que CPI é uma questão do Legislativo e que o presidente da República “não vota” no Senado e na Câmara.
“CPI é por conta do Congresso Nacional, ele decide a hora que ele quiser decidir, [que] faça a hora que quiser fazer”, afirmou.
Em entrevista no começo do mandato, Lula disse que era contrário à instalação de uma CPI para apurar os atos extremistas de 8 de janeiro. Na ocasião, o petista disse acreditar que o Executivo tem os instrumentos necessários para conduzir as investigações, sem necessidade de participação do Legislativo.
Mudança de posição
Até a demissão do general Gonçalves Dias, integrantes do governo se posicionavam contra a instalação da CPI mista sobre os atos golpistas.
Parlamentares governistas, inclusive, tentavam convencer deputados e senadores a retirarem assinaturas do pedido de criação da comissão, a fim de inviabilizar o colegiado.
A posição dos aliados de Lula mudou com a queda do ministro do GSI.
Dias pediu demissão depois de serem divulgadas imagens dele circulando entre manifestantes no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. O ex-ministro disse que estava no local para retirar os invasores e preservar o gabinete do presidente Lula no terceiro andar do prédio.