23/04/2023 às 21h13min - Atualizada em 25/04/2023 às 00h05min

Lula não pediu “desmilitarização” do GSI e imagens de ex-ministro foram editadas, diz ministro interino

Lula não pediu “desmilitarização” do GSI e imagens de ex-ministro foram editadas, diz ministro interino - Jornal O Sul

Jornal O Sul
https://www.osul.com.br/lula-nao-pediu-desmilitarizacao-do-gsi-e-imagens-de-ex-ministro-foram-editadas-diz-ministro-interino/

O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a ele que apressasse o processo de “renovação e oxigenação” do ministério. Em meio à possibilidade de um civil assumir em definitivo o comando da pasta, ele negou que Lula tenha recomendado a “desmilitarização” do órgão. “A gente não pode cair em falsas contradições, como ou é um civil, um militar ou a Polícia Federal”, criticou.

Após assistir às imagens da invasão do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, registradas pelas câmeras de segurança, Cappelli afirmou que as cenas divulgadas pela CNN foram editadas porque inverteram a ordem cronológica dos acontecimentos, induzindo o espectador a uma falsa percepção sobre a conduta do chefe anterior do GSI, general Gonçalves Dias, naquela data. A revelação dessas imagens deflagrou uma crise política e culminou no pedido de demissão de Gonçalves Dias.

Cappelli adiantou que terá um diagnóstico pronto sobre a pasta para apresentar ao presidente Lula quando ele retornar da viagem a Portugal e à Espanha. Ambos devem se reunir na quinta-feira (27).

A nova missão de Cappelli no governo federal é tão sensível que ele é o primeiro civil a sentar-se na cadeira de ministro-chefe do GSI em 85 anos de funcionamento do ministério.

Interlocução

Por isso, depois que recebeu a tarefa de Lula e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, na última quarta-feira, Cappelli buscou autoridades militares e seus interlocutores para se inteirar das funções da pasta. A rodada começou com o ministro da Defesa, José Múcio, e teve sequência com o comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, e com o general da reserva Fernando de Azevedo e Silva, que foi ministro da Defesa na gestão de Jair Bolsonaro.

De todos ouviu conselhos sobre sua missão no GSI. Cappelli considerou prudente ouvir esses e outros atores ligados aos militares porque desde a criação da pasta em 1938, no governo Getúlio Vargas, todos os titulares do ministério foram generais de Exército. Cappelli é o primeiro civil à frente da pasta – e ainda assim, em condição de interinidade, – entre 40 generais que já ocuparam o cargo.

Para o ministro interino, a renovação dos quadros do ministério é “absolutamente natural” num início de governo. Nesses primeiros quatro meses, o GSI já renovou 35% do quadro de funcionários.

Cappelli reconheceu que “questões conjunturais eventualmente relativas ao dia 8 de janeiro”, quando milhares de golpistas depredaram as sedes dos três Poderes, podem influenciar essas mudanças. E admitiu que a divulgação de cenas da invasão no Palácio do Planalto pela CNN Brasil no dia 19 “criaram um certo clima”, e isso deu um “sentido maior de urgência” para a renovação dos quadros do GSI.

Ele argumentou, entretanto, que é preciso compreender que “o governo não é carro de passeio, é um transatlântico”. Por isso, não se faz tudo em uma semana, ao risco de se interromper a prestação de serviços públicos e a continuidade das políticas públicas que atendem a sociedade.

Cappelli negou que Lula tenha recomendado a “desmilitarização” do GSI, mas confirmou o debate interno no governo entre a escolha de um civil ou um militar para a sucessão definitiva do ex-ministro Gonçalves Dias, que pediu demissão na quarta-feira.

Afastamentos

Agora, com a liberação da íntegra desse conteúdo, ele afirma que a primeira consequência será a revelação de todos os rostos de servidores do GSI que apareceram com as imagens borradas. Segundo ele, esses funcionários estão sendo ouvidos pela Polícia Federal e pela sindicância aberta no ministério.

Ainda segundo o ministro interino, o servidor que apareceu oferecendo água aos invasores [o capitão do Exército José Eduardo Pereira] já havia sido afastado pelo general Gonçalves Dias. Outros funcionários filmados estão prestando esclarecimentos.

“Além do general G. Dias, há outros que estão cumprindo sua função institucional naquele dia. Tem que avaliar com calma [as condutas] e não no calor dos acontecimentos, porque há uma tentativa de transformar as vítimas em culpados”, disse Cappelli. “Culpados são os que depredaram o palácio, que estão quebrando o relógio [trazido por Dom João VI]. Se eventualmente for detectada uma postura inadequada de qualquer servidor, ele vai responder na forma da lei”.



Fonte: https://www.osul.com.br/lula-nao-pediu-desmilitarizacao-do-gsi-e-imagens-de-ex-ministro-foram-editadas-diz-ministro-interino/

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Error
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp