A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entregou à Polícia Federal (PF) um documento que “prova” que ele estaria sob efeito de morfina quando compartilhou um vídeo sugerindo, sem provas, que a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi fraudada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No documento, a defesa apresenta a imagem de uma receita que indicava o uso do medicamento. No depoimneto à PF, que durou mais de duas horas, Bolsonaro alegou que estava internado e sob efeito de medicamentos quando postou a informação falsa.
Ele ainda argumentou que queria salvar a postagem para ver mais tarde, mas compartilhou o vídeo que propagava informações falsas sobre urnas eletrônicas acidentalmente.
Entre os arquivos entregues à PF, os advogados de Bolsonaro anexaram uma foto dele internado em um hospital dos Estados Unidos.
Jair Bolsonaro prestou depoimento à PF na última quarta-feira para esclarecer sobre o seu suposto envolvimento com os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília.
O ex-presidente foi incluído nas investigações pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria-Geral da República(PGR), no inquérito que investiga quem são os autores intelectuais e pessoas que instigaram os atos golpistas.
Inquérito das joias
A Polícia Federal (PF) convocou o coronel Mauro Cid e o ex-chefe da Receita Federal, Júlio César Vieira Gomes, para prestarem novos depoimentos no inquérito que apura o caso das joias dadas ao governo brasileiro pela Arábia Saudita. Cid era ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Cid e Vieira Gomes já haviam sido ouvidos em 5 de abril, bem como outros oito envolvidos no episódio, incluindo o ex-presidente Bolsonaro. À Polícia Federal, o militar declarou que buscar presentes recebidos pelo então presidente era algo “normal”, “corriqueiro”, na Ajudância de Ordens da Presidência. Os novos depoimentos ainda não têm data para acontecer.
Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o militar, tido como homem de confiança – um braço direito – do então presidente, não fazia nada sem o consentimento de Bolsonaro. Para estas fontes, o ex-presidente teria conhecimento que a situação estava sendo averiguada por seus subordinados. Cid externou que Bolsonaro teria pedido a ele para “verificar” a situação das joias avaliadas em R$ 16,5 milhões apreendidas na alfândega e incorporar ao acervo da Presidência.
O depoimento do coronel Cid durou três horas e essa nova oitiva é considerada essencial para o inquérito da PF que investiga a entrada ilegal no Brasil de joias que foram presenteadas pelo governo da Arábia Saudita.
A Polícia Federal quer saber, nesse inquérito sigiloso, se Bolsonaro agiu para reaver o pacote retido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP).
O militar foi o responsável pelo envio de um ofício à Receita Federal, em 28 de dezembro, determinando a “incorporação de bens apreendidos”. Esse foi o documento apresentado pelo ajudante de ordens da Presidência, Jairo Moreira da Silva, para um auditor fiscal na alfândega que não teve sucesso na empreitada.
A Receita Federal reteve as joias em 26 de outubro de 2021, quando uma comitiva do governo desembarcou em Guarulhos. Os itens valiosos estavam na bagagem de um assessor do então ministro de Minas e Energia, que foi escalado pela Presidência para representar o governo em viagem ao país saudita.