O Ministério da Justiça notificou a empresa aérea Gol para prestar explicações sobre o episódio. O Ministério das Mulheres disse que se trata de um caso de racismo e misoginia. E a associação Educafro classificou a atitude como repugnante, inadmissível, decorrente do mais acintoso e declarado racismo.
A pesquisadora Samantha Vitena foi retirada de um avião da companhia aérea que voaria para São Paulo na noite de sexta-feira (28), após ter dificuldades para guardar uma mochila no compartilhamento de bagagens. Em uma primeira nota sobre o caso, a Gol disse que “uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo”.
Na noite de sábado, a companhia emitiu outro comunicado no qual lamenta “imensamente a experiência da cliente em nosso voo G3 1575″ e neste domingo informou que está “empenhada em colaborar para a apuração dos fatos com a Polícia Federal, assim que for notificada”.
Segundo Samantha, com o apoio de outros passageiros, a mochila pôde ser acomodada no compartimento de bagagens. Mesmo assim, três agentes da Polícia Federal entraram no avião e a retiraram do voo, alegando que a decisão era do comandante da Gol. Um vídeo sobre a abordagem da cientista foi compartilhado nas redes sociais, no qual é possível ouvir comentários de passageiros que consideraram a ação desproporcional e racista.
O advogado Fernando Santos – que acompanhou Samantha até a unidade da Polícia Federal no Aeroporto de Salvador, onde ela prestou depoimento – disse que a situação é lamentável.
Segundo ele, Samantha teve de assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência, por ser acusada de resistência à ordem policial para ser retirada do avião. “Em nenhum momento ela se recusou a sair do avião. Apenas questionou o motivo de sofrer qualquer motivo de restrição”, afirma Santos.
Inquérito
A Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para apurar crime de racismo contra a professora.
A informação foi divulgada no domingo (30), pela Superintendência Regional da PF na Bahia, depois que os ministérios da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos acionaram a Procuradoria-Geral da República na Bahia e a PF, para que crimes, infrações e ou violações relacionados ao caso fossem apurados.
A PF classificou a retirada da professora Samantha Vitena como “compulsória” e disse que a investigação se manterá em sigilo, até que todo o caso seja apurado.