No início dessa semana, a prefeitura de São Paulo confirmou a identificação de um caso de covidprovocado pela subvariante XBB.1.16 da Ômicron, o primeiro até agora divulgado no Brasil. Também conhecida como Arcturus, a cepa tem sido monitorada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde que foi descoberta na Índia, no início do ano, onde houve um pico de casos associados à nova variante.
Uma das diversas sublinhagens da Ômicron que têm surgido desde que a cepa tornou-se prevalente no mundo, no início do ano passado, ela é uma recombinante de duas versões da BA.2, uma subvariante anterior da Ômicron que circulou principalmente no mundo por volta de março do ano passado. A Arcturus foi identificada pela primeira vez em janeiro, na Índia.
Segundo a OMS, a Arcturus já foi identificada em cerca de 33 países, principalmente na Índia, Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá, Cingapura e Japão. Ontem, a prefeitura de São Paulo afirmou ter detectado um caso da subvariante na capital paulista, o primeiro divulgado até agora no Brasil.
“O paciente é um homem de 75 anos de idade, acamado e com comorbidades, que apresentou os sintomas de síndrome gripal e febre persistente no dia 7 de abril, sendo encaminhado para atendimento em um hospital privado da capital, com alta médica na última quinta-feira (27)”, disse o município, em nota.
Sintomas
De acordo com a prefeitura de São Paulo, “entre os principais sintomas causados pela nova variante estão: irritação nos olhos (parecidos com conjuntivite), tosse seca e episódios febris”.
Além dos maiores relatos de irritação nos olhos, a Arcturus provoca febre mais alta do que vem sendo observado nos casos atuais, segundo a Clínica Mayo, nos EUA. Outros sinais comuns ligados à doença, como cansaço e sintomas gripais, também já foram descritos.
Em uma avaliação de risco inicial sobre a Arcturus, publicada no meio de abril, a OMS escreveu que, embora seja observada uma vantagem de crescimento e de escape imunológico, o que leva aos quadros de reinfecção, “nenhuma mudança na gravidade foi relatada em países onde a XBB.1.16 está circulando”.
“Na Índia e na Indonésia, houve um ligeiro aumento na ocupação de leitos números [inferior a 5%]. No entanto, os níveis são muito mais baixos do que os vistos nas ondas variantes anteriores. Tomadas em conjunto, as informações disponíveis não sugerem que XBB.1.16 tenha risco adicional à saúde pública em relação a XBB.1.5 e as outras linhagens descendentes de Ômicron atualmente em circulação”, diz o documento.
Ainda assim, devido à disseminação, a organização classificou a Arcturus como uma “variante de interesse”(VOI, da sigla em inglês). O status é atribuído às cepas de maior atenção que estão sendo monitoradas, e precede o nível “variante de preocupação” (VOC), quando a mutação representa um risco adicional à saúde pública.
Variante predominante
A Ômicron segue a variante predominante da covid no mundo, porém suas sublinhagens têm apresentado uma capacidade maior de escapar da imunidade prévia por infecção ou pela vacinação. Por isso, novas ondas de casos da doença têm sido registradas no mundo, ainda que os números de hospitalizações e mortes permaneçam em patamares mais baixos.
No Brasil, segundo o último relatório do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), assim como na maioria dos países no mundo, os novos diagnósticos hoje são principalmente associados à XBB.1.5, também conhecida como Kraken, versão da Ômicron semelhante à Arcturus que ganhou espeço no final do ano passado, depois da BQ.1.
Nova onda?
A XBB.1.16 é uma das muitas mutações do vírus da covid, mas passou a ser monitorada mais de perto pela OMS justamente por ter sido responsável por um aumento de casos na Índia durante o início deste ano.
A avaliação da OMS reconhece que a subvariante, assim como as anteriores, têm um maior escape imunológico, e por isso conseguem infectar mesmo pessoas que já tiveram Covid-19 ou que estão completamente vacinadas e causar novas ondas.
Com isso, a organização acredita que ela deve se tornar dominante nos países e provocar de fato um aumento na incidência de casos. Nos Estados Unidos, ela já representa 11,7% dos casos identificados no último monitoramento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças do país (CDC).