Em 26 anos de atividade, completados em 1º de maio, a Central Estadual de Transplantes (CET) viabilizou a realização de aproximadamente 15 mil cirurgias desse tipo no Rio Grande do Sul. A efeméride marca a promulgação da lei 9.434, que em 1º de maio de 1997 instituiu o Sistema Nacional de Transplantes e fez com que a instituição gaúcha passasse a atuar dentro dos critérios de regulação desse tipo de procedimento.
“A Central [vinculada à Secretaria Estadual da Saúde] tem garantido a segurança e agilidade do processo, desde a doação até o efetivo transplante”, ressalta o coordenador do Núcleo de Educação e Sensibilização de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, James Cassiano.
Incentivo à doação
Atualmente, mais de 2,8 mil gaúchos estão na fila. Cassiano acrescenta que esse número poderia diminuir se os familiares fossem avisados sobre a vontade de um parente de ser doador.
O governo do Estado firmou um Termo de Cooperação com os cartórios de notas para implementação da Central Notarial de Doação de Órgãos. O objetivo é facilitar a manifestação, por vontade própria e de forma gratuita, das pessoas que queiram ser doadoras.
Com esse sistema, os hospitais e a Central de Transplantes podem consultar, de forma sigilosa, as escrituras públicas declaratórias contendo a manifestação de vontade relativa à doação de órgãos, após o falecimento do potencial doador.
“Essa manifestação de vontade por meio de escritura pública funcionará como mais uma ferramenta de convencimento para a família, visto que ainda será necessária a autorização da doação dos órgãos do familiar”, explica Cassiano.
O termo de cooperação também é assinado pela Associação dos Notários e Registradores do Estado do Rio Grande do Sul (Anoreg-RS), em conjunto com a SES, Poder Judiciário gaúcho, Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Santa Casa de Misericórdia e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Entenda
– O paciente que necessita do transplante – receptor – é encaminhado para a realização de exames a pedido da sua equipe transplantadora (definida, a princípio, por sua região de domicílio) para determinar as necessidades de tratamento e transplante.
– As informações do potencial receptor são organizados em um programa informatizado, sob responsabilidade do Sistema Nacional de Transplantes, gerenciado pela Central de Transplantes do Estado.
– O sistema registra e disponibiliza os doadores de órgãos e os resultados dos exames do receptor. Resultados processados ficam à disposição desse sistema para a classificação de receptores em lista única.
– É feito um cruzamento entre os dados de doador e receptor e apresenta as opções mais compatíveis – será gerada uma lista única de receptores para cada doador disponibilizado.
– Laboratórios autorizados realizam exames que comprovam a compatibilidade para que o receptor tenha segurança de receber o órgão doado.
– Os receptores elencados em cada lista serão submetidos à avaliação de suas equipes para identificar condições de receber o órgão e qual o mais apto/compatível com o doador disponível.
– A equipe transplantadora que acompanha a situação clínica do receptor aceita o órgão, que é então enviado pela Central de Transplantes ao hospital onde está o receptor – que pode desistir de receber o órgão (que, nesse caso, é reencaminhado ao próximo receptor compatível e inscrito na lista única).
– Por meio da Central de Transplantes, a família do doador recebe informações sobre sexo e idade dos receptores, bem como uma carta de agradecimento pelo gesto de solidariedade.
(Marcello Campos)