Os médicos credenciados ao IPE Saúde (Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul) decidiram manter suas atividades paralisadas até o dia 23, data em que devem voltar a se reunir em assembleia da categoria. Eles também optaram por um licenciamento temporário de 30, 60 ou 90 dias.
A deliberação é de terça-feira (2) à noite, durante assembleia-geral extraordinária no auditório do Simers (Sindicato Médico do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre. Cerca de 85% dos votos foram favoráveis à manutenção da greve.
“Acreditamos na autonomia do profissional e estamos disponíveis para auxiliar tanto no licenciamento temporário quanto, até mesmo, no descredenciamento”, frisou o presidente da entidade, Marcos Rovinski. “Queremos que haja bom-senso por parte do governo e que seja célere nas propostas, pois esse é um movimento sério dos médicos na busca de um reconhecimento à altura do trabalho realizado.”
Na abertura da assembleia da categoria, o dirigente apresentou um relato das ações do Simers junto ao governo gaúcho para buscar o aumento dos valores pagos pelos procedimentos médicos e hospitalares, sem reajuste há 12 anos:
“A nossa mobilização foi essencial para que os gestores do Estado encaminhassem a proposta de reestruturação do IPE Saúde. Sou médico credenciado há mais de 40 anos e nunca vi nada igual para garantir a valorização dos profissionais”.
Entenda
Os médicos credenciados ao IPE Saúde iniciaram o movimento no dia 10 de abril, em todo o Estado. Durante a paralisação, são realizados somente procedimentos de urgência e emergência. A categoria reivindica a atualização da tabela de honorários médicos praticada pelo Instituto.
Atualmente, o IPE Saúde conta com cerca de 6,5 mil médicos credenciados no Rio Grande do Sul. O convênio é responsável pela assistência médica e hospitalar de quase 1 milhão de servidores estaduais, dependentes e pensionistas. De acordo com o Palácio Piratini, no ano passado o déficit mensal da instituição ficou em torno de R$ 36 milhões.
Restruturação
No dia 12 de abril, o governador Eduardo Leite detalhou uma versão inicial do plano de restruturação do IPE Saúde, que presta assistência médica e hospitalar a um de cada dez gaúchos.
Ele detalhou aspectos como perfil de usuários, fontes de financiamento e desafios financeiros para a sustentabilidade do sistema. Adiantou, ainda, que a proposta de remodelação deve ser encaminhada à Assembleia Legislativa nas próximas semanas.
Dentre os fatores atribuídos ao desequilíbrio estão aspectos contextuais como o envelhecimento e o aumento da expectativa de vida da população gaúcha. No plano principal, mais da metade dos usuários têm idade a partir de 59 anos. Ou seja, a maioria são pessoas que necessitam de serviços de saúde com maior frequência.
Além disso, quatro em cada dez beneficiados cobertos pelo plano principal são dependentes e, portanto, não pagam a contribuição mensal.