Na confusão da última quarta-feira (3), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, se ausentou do plenário. Estava indo à Justiça, onde haveria uma audiência de conciliação entre ele e o senador Renan Calheiros. Lira acusa Renan de calúnia e difamação.
Num dia intenso, com a operação Venire, viagem marcada para os Estados Unidos e uma derrota do governo na Câmara, Lira parou tudo e foi dizer que não quer conciliação com o adversário de Alagoas.
O emedebista foi processado pelo presidente da Câmara por ter publicado em sua conta no Instagram, em 14 de outubro de 2022, que Lira “é ladrão já condenado por desvios na Assembleia”. “Segue roubando no orçamento secreto, metendo as mãos sujas na PF/AL para qual trouxe a aliada. Afastar o governador – favorito que quase venceu no 1º turno – para uma apuração é a anomalia que será rechaçada pelos alagoanos”, disse Renan.
Renan entrou com uma ação no Supremo para que seja enviado à Corte um processo em que ele é réu por calúnia, injúria e difamação contra Lira por chamá-lo de “ladrão” e dizer que o deputado interferiu na Polícia Federal em Alagoas.
Indiretas
Há dois dias, sem citar nomes, o senador Calheiros disparou indiretas e críticas ao presidente da Câmara.
Ao comentar algumas declarações de Lira, que defendeu as emendas de relator e criticou o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Renan Calheiros disse que o presidente da Câmara “se comporta como o bolsonarista que é”.
Lira era aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas com a vitória de Lula, sinalizou apoio ao petista. Em declarações recentes, Lira ele que também se vê como aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em sua declaração, Renan Calheiros ainda disse que faltam “610 dias” para que Arthur Lira seja “despejado do trono”, se referindo ao fim do mandato de presidente da Câmara.
“Depois de querer rasgar Constituição, fechar o Senado, o novo delírio da abstinência do imperador é ressuscitar o orçamento secreto, degolar ministros de Lula pra inflar seus sabujos. Se comporta como bolsonarista que é. Faltam 610 dias para ser despejado do trono.”, escreveu em seu Twitter, no domingo (30).
Em uma entrevista para o jornal O Globo, Lira disse que as polêmicas emendas parlamentares poderiam resolver o apoio que o governo Lula precisa no Congresso, sem a necessidade de envolver cargos em ministérios.
Além disso, disse que Alexandre Padilha, titular do ministério de Relações Institucionais, tem “tido dificuldades” de articulação política.