O juiz Eduardo Fernando Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, determinou que o deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) preste depoimento em processo relacionado ao advogado Rodrigo Tacla Duran, réu na Operação Lava-Jato.
Ex-procurador da República e ex-coordenador da força-tarefa no Paraná, Deltan deve ser ouvido em 19 de junho, às 16h30, presencialmente, na condição de testemunha. A oitiva fará parte de processo de Duran, réu por lavagem de dinheiro para empreiteiras alvos de denúncias de corrupção. O advogado, por sua vez, também passou a fazer uma série de acusações contra a atuação de integrantes do Ministério Público e do Judiciário, entre eles o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e Deltan — ambos negam irregularidades na condução das investigações e nos julgamentos.
O depoimento foi justificado pelo novo juiz da Lava-Jato porque Tacla Duran, em audiência recente, afirmou que o procurador Walter José Mathias Júnior atua de forma parcial nas investigações contra ele. Na mesma audiência, Duran disse que o procurador era amigo de Dallagnol.
No despacho assinado nesta tarde, o juiz afirma que a oitiva do deputado cassado será para esclarecer se ele “mantém vínculo de amizade pessoal e íntima” com o procurador Mathias Júnior.
Em nota enviada à CNN Brasil, o deputado cassado afirmou que ainda não foi intimidado sobre o depoimento. No mesmo comunicado, Deltan afirmou que “não surpreende as tentativas reiteradas e ilegais de retaliação” do juiz. Appio assumiu em fevereiro a 13ª Vara, responsável pelas ações da Lava-Jato no Estado, função já desempenhada por Moro, e fez críticas públicas à atuação do ex-juiz.
O parlamentar afirmou ainda que conversou poucas vezes e “profissionalmente” com o procurador citado por Tacla Duran, quando integrava o Ministério Público – Deltan renunciou ao cargo em novembro de 2021.
Deltan teve o mandato cassado nessa semana, por unanimidade, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda cabe recurso e a Mesa Diretora da Câmara ainda não se manifestou sobre o caso. Na decisão, o juiz afirma que Deltan, em razão da decisão do TSE, não tem mais “prerrogativa de foro”, razão pela qual pode ser convocado a depor em Curitiba.