A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, aprovou o primeiro remédio destinado a conter a agitação associada à demência devido à doença de Alzheimer. O remédio é o Rexulti (brexpiprazol), desenvolvido pelas farmacêuticas japonesa Otsuka e dinamarquesa Lundbeck.
A agitação é um sintoma neuropsiquiátrico comum na demência de Alzheimer e um dos aspectos mais complexos e estressantes de cuidar de pessoas que vivem com a doença. É relatado em aproximadamente metade das pessoas com a condição e está associado à internação precoce em casas de repouso.
Antes da aprovação, a FDA classificou o Rexulti como um Novo Medicamento Suplementar (sNDA, na sigla em inglês) e concedeu uma revisão prioritária, o que ocorre com remédios que representam uma melhoria significativa na segurança e/ou eficácia do tratamento, diagnóstico ou prevenção de uma condição médica grave.
Para aprovar o remédio para esta nova indicação, a FDA analisou dois estudos de fase 3, randomizados, duplo-cegos, controlados por placebo e de dose fixa que avaliaram a frequência de sintomas de agitação em pacientes com demência devido à doença de Alzheimer, por 12 semanas cada.
Os resultados que os pacientes que tomaram o medicamento ficaram bem menos agitados, em comparação com aqueles que receberam placebo. No geral, os dados mostraram que o brexpiprazol é bem tolerado e com boa segurança para o paciente.
O Rexulti (brexpiprazol) já havia sido previamente aprovado nos Estados Unidos para tratar adultos com transtorno depressivo maior e esquizofrenia. No Brasil, ele tem aprovação para este mesmo uso.
Pista para a prevenção
Pesquisadores que buscam desvendar os segredos da doença de Alzheimer dizem ter recebido uma pista importante que pode ajudar a proteger as pessoas em risco desse tipo de demência.
Um homem que parecia fadado a desenvolver perda de memória em seus 40 ou 50 anos, com base na história familiar, manteve a função normal por décadas a mais do supostamente que deveria. Ele parece ter sido protegido por uma rara alteração genética que melhorou a função de uma proteína que ajuda as células nervosas a se comunicarem.
Os cientistas dizem que entender como essa mudança genética defendeu o cérebro do paciente pode ajudar a prevenir o mal de Alzheimer em outras pessoas.
O homem faz parte de uma grande família em Antioquia, na Colômbia, com muitos membros que herdaram um gene mutante chamado presenilina-1, ou PSEN1. Os portadores de PSEN1 quase certamente desenvolverão a doença de Alzheimer em uma idade relativamente jovem.
O homem, que tinha a mutação PSEN1, acabou desenvolvendo problemas de memória e pensamento. Ele foi diagnosticado com demência leve aos 72 anos, depois experimentou mais declínio de memória e uma infecção. Ele morreu de pneumonia aos 74 anos.
Mas, ao que tudo indica, ele deveria ter desenvolvido problemas de memória e raciocínio décadas antes. Quando os médicos examinaram seu cérebro após a morte, descobriram que ele continha beta-amiloide e tau, duas proteínas que se acumulam no cérebro de pessoas com Alzheimer.
No entanto, ele também tinha algo trabalhando a seu favor. Uma análise genética revelou que o homem tinha uma rara alteração em um gene que codifica uma proteína chamada reelina, que ajuda as células nervosas a se comunicarem.
“Neste caso, ficou muito claro que esta variante da reelina faz com que a reelina funcione melhor”, disse Joseph Arboleda-Velasquez, professor associado de oftalmologia da Universidade de Harvard e principal autor de um novo estudo sobre o homem.
“Isso nos dá uma visão enorme”, disse ele. “Isso torna muito óbvio que apenas colocar mais reelina no cérebro pode realmente ajudar os pacientes”. O estudo foi publicado na revista Nature Medicine.