21/05/2023 às 22h15min - Atualizada em 22/05/2023 às 00h01min

Os afagos e desconfortos do jantar entre advogados lulistas e o ministro do Supremo André Mendonça

Os afagos e desconfortos do jantar entre advogados lulistas e o ministro do Supremo André Mendonça - Jornal O Sul

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O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, participou de um encontro promovido pelo Grupo Prerrogativas, que reúne advogados ligados ao PT e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O jantar, que ocorreu em São Paulo, na casa do advogado Roberto Podval, teve a presença de integrantes do governo, como o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e o advogado-geral da União, Jorge Messias.

Personalidades do mundo jurídico, como o ex-ministro da Corte Ricardo Lewandowski e o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, também marcaram presença no evento, que teve tom de reconciliação, afagos de integrantes do governo a Mendonça. E também momentos de desconforto entre o ministro do Supremo e o grupo ligado a Lula.

Conhecido como o ministro “terrivelmente evangélico”, Mendonça foi indicado ao STF em 2021 pelo então presidente Jair Bolsonaro, de quem também foi advogado-geral da União e ministro da Justiça e Segurança Pública. No início do evento, que reuniu cerca de 140 pessoas, Mendonça ouviu do coordenador do Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, críticas ao ativismo judicial e ao superempoderamento de juízes.

O advogado, que é próximo a Lula e atuou na aproximação com o vice Geraldo Alckmin, pediu o apoio de Mendonça para a votação do juiz de garantias e ainda brincou que não há problema em ser “terrivelmente evangélico, desde que seja terrivelmente defensor da democracia”.

Ao longo do jantar para tratar do primeiro ano de mandato do ministro, aliados de Lula se referiram a Mendonça como um “aliado” e “defensor da democracia”. Jorge Messias fez elogios à trajetória acadêmica do ministro e disse que ele faz falta na AGU. Já Lewandowski, afirmou que o ex-colega tem “caráter”.

Elogios

Em discurso para um público recheado de aliados de Lula, Mendonça pregou o diálogo e foi aplaudido ao defender a busca de convergências.

“Fiquei muito feliz, Marco Aurélio, de saber que você também tem essa visão de que às vezes nós perdemos tempo olhando as diferenças e deixamos de avançar porque não olhamos para o que nos une”, afirmou o ministro, que depois pregou respeito e disse que “tudo é recíproco”.

A presença de Marco Aurélio e Mendonça num mesmo evento foi alvo de comentários bem-humorados dos convidados. Um advogado disse que o jantar foi o encontro de um “terrivelmente evangélico com um terrivelmente lulista”.

Ao encerrar sua fala, Mendonça falou em “caminhar juntos e construir o País”, mas marcou posição ao ressaltar que tem uma agenda bem definida que não pretende mudar.

“Na área de costumes, eu sou conservador. Isso não vai mudar em mim. Assim como não adianta eu pedir certas posturas de vocês que isso muda princípios. Mas há tanta coisa em comum”, completou.

Climão

Mendonça causou mal-estar a alguns presentes ao fazer referência a Jair Bolsonaro e a um texto bíblico que “curiosamente o presidente gosta muito”. Assim que citou o nome do ex-mandatário, advogados deixaram a área em que ele discursava.

Depois, o ministro também incomodou quando resolveu citar um estudo que apontava problemas na área da segurança pública em estados governados pela oposição. Mendonça disse que, ao ter acesso ao documento, preferiu buscar o diálogo com governador em vez de “expor” os números ruins para a imprensa.

Mendonça ainda fez diversas menções ao fato de ser evangélico. Disse que sofre preconceitos e que “isso, por vezes, deixa feridas que não são necessárias”.

Outros eventos

Marco Aurélio disse que a participação do ministro no evento foi a demonstração “mais inequívoca” de que é possível construir sínteses que levem à reconstrução e reconciliação do país.

“Mendonça tem mostrado disposição e disponibilidade de dialogar, é uma característica louvável que temos que reconhecer e aplaudir”, afirmou o advogado, que foi citado por um parlamentar da base bolsonarista presente como o “ministro sem pasta”, por sua articulação fora do governo.

“O diálogo é o único instrumento efetivo capaz de criar os consensos possíveis. É o que nós pretendemos fazer, dialogar em cima das convergências, que seguramente são maiores do que as divergências”, declarou Marco Aurélio.

O Prerrogativas pretende convocar o ministro Kassio Nunes Marques, outro indicado de Bolsonaro, para um encontro nos mesmos moldes.



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