O ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que teve o registro de sua candidatura cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral, o que resultou na perda do mandato de deputado federal que havia obtido na última eleição, disse que o próximo político da lista a passara pela mesma situação será o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), que, como ele, foi um dos expoentes da Operação Lava Jato.
“A decisão do TSE deixou não só a mim, mas todo mundo perplexo. Embora eles (ministros do TSE) tenham dito que eu fraudei a lei, foram eles quem fraudaram a Constituição. E eu acredito que o próximo será o [senador Sergio] Moro, pois existe uma forte pressão por parte do sistema corrupto que me cassou e vai para cima do Moro”, afirmou.
Há torcida por isso entre os políticos atingidos pela Lava Jato. “Deltan pode trabalhar no gabinete do Moro. Terá uns seis meses de emprego até a cassação do colega”, provocou o ex-deputado Eduardo Cunha, preso e condenado pela Lava Jato.
Caixa dois
Adversários políticos do senador e ex-juiz Sergio Moro (União-PR) acreditam que ele pode perder o mandato até o final deste ano, devido a um processo movido pelo PL por suposta prática de Caixa 2. A ação contra Moro tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).
O PL diz que o caso é semelhante ao da ex-senadora Selma Arruda, que teve o mandato cassado, em 2020, por gastos sem a devida contabilização, segundo o Tribunal Superior Eleitoral. Ex-juíza, ela ganhou o apelido “Moro de saias” pelo histórico de decisões em casos de corrupção em Mato Grosso.
Caso Deltan
Para os julgadores da Corte eleitoral, Dallagnol não poderia ter pedido exoneração do Ministério Público Federal para se candidatar ao cargo de deputado, pois pesavam contra ele quinze processos administrativos que poderiam resultar em punição administrativa. Caso isso ocorresse, ele estaria enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
“O recorrido agiu para fraudar a lei, uma vez que praticou uma série de atos para obstar processos disciplinares contra si, e, portanto, elidir a inelegibilidade”, afirmou Benedito Gonçalves, corregedor-geral da Justiça Eleitoral, após receber o caso da primeira instância. A cassação foi aprovada por unanimidade pelos sete ministros.
Deltan pode recorrer ao próprio tribunal eleitoral, com embargos de declaração (as chances de reversão são remotíssimas), e também ao Supremo Tribunal Federal.