Em menos de cinco meses desde janeiro, o Brasil já soma 503 mortes por dengue. O número equivale a quase metade dos 1.016 casos fatais da doença registrados ao longo do ano passado – um recorde desde 1980. A estatística foi divulgada pelo Ministério da Saúde nesta semana e abrange os óbitos confirmados até 19 de maio.
Conforme o boletim do Ministério da Saúde, o número de casos prováveis de dengue no Brasil em 2023 ultrapassou o limite máximo esperado, considerando-se a série histórica.
No perfil dos óbitos, a maioria (51,3%) era do sexo feminino e tinha mais de 69 anos (47,9%). Há ainda 372 mortes em investigação pelo Ministério da Saúde.
A partir da próxima semana epidemiológica, as estimativas históricas apontam para uma tendência de diminuição na incidência de dengue. Mesmo assim, a doença deve registrar novos recordes ao longo de 2023.
No final do ano passado, especialistas já alertavam para uma nova epidemia da dengue que iria atingir os primeiros meses de 2023. As maiores epidemias de dengue no Brasil aconteceram em 2015, 2016, 2019 e 2022.
O principal vetor da dengue é mosquito Aedes aegypti. O vírus é transmitido para humanos por meio da picada da fêmea do mosquito infectado. Por isso, é importante eliminar os criadouros do mosquito e, assim, evitar que ele se prolifere. O mesmo mosquito também é responsável pela transmissão de outras duas doenças: chikungunya e zika.
A transmissão se dá pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado e possui quatro sorotipos diferentes – todos podem causar as diferentes formas da doença.
Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.
Os principais sintomas são: febre alta (acima de 38°C), dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. A dengue hemorrágica, forma mais grave da doença, é mais comum quando a pessoa contrai o vírus pela segunda vez.
Já no que diz respeito a vacinas, por enquanto há somente um imunizante disponível no Brasil, a Dengvaxia, mas apenas no mercado privado e com restrições de uso. Ele só pode ser aplicado em quem já teve contato com o vírus.
Já a Qdenga, nova vacina autorizada pela Anvisa e que poderá ser aplicada em qualquer pessoa entre 4 a 60 anos (que já teve dengue ou não) deve estar disponível no mercado privado no segundo semestre de 2023. O governo federal pretende disponibilizar o imunizante no Sistema Único de Saúde (SUS), mas ainda não há data para isso.
Cenário atual
– A incidência de dengue no Brasil é de 560 casos por 100 mil habitantes.
– 1.196.459 casos prováveis de dengue foram confirmados pelo governo federal até o momento.
– No mesmo período de 2022, 855.910 casos prováveis de dengue foram registrados – uma incidência de 401,2 casos por 100 mil habitantes.
– 12.677 são considerados casos graves (dengue hemorrágica) e com sinais de alarme.
– 85% dos municípios brasileiros (4.745) já registraram casos de dengue em 2023.
– 372 óbitos estão em investigação.
– Regiões do Brasil com maior incidência de dengue: Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
– Estados com maior incidência de dengue: Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul, Acre e Rondônia.
– Os de maior incidência nas últimas quatro semanas: Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo.
– A Região Sudeste concentra maioria das mortes e dos casos de dengue grave e de dengue com sinais de alarme.
Chikungunya e zika
Em relação à chikungunya, são 105,3 mil casos prováveis em 2023 e 30 mortes confirmadas. A incidência é de 49 casos por 100 mil habitantes. Até agora, foi registrado um aumento de 17% no número de casos da doença em relação ao mesmo período de 2022.
O zika vírus já infectou ao menos 7.129 pessoas no Brasil em 2023 – um aumento de 180% se comparado com o mesmo período do ano passado. A incidência da doença é de 3 casos por 100 mil habitantes. São 397 casos prováveis em gestantes neste ano. Nenhum óbito foi confirmado até o dia 19 de maio.