O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) em Esteio apresentou uma denúncia nesta sexta-feira, 9 de junho, contra 33 pessoas por associação criminosa, sendo que 30 delas também foram acusadas de estelionato e duas por roubo. Segundo a promotora de Justiça Paula Bittencourt Orsi, durante os meses de junho de 2021 a fevereiro de 2023, o grupo se uniu com o objetivo de cometer crimes contra idosos em várias cidades gaúchas, principalmente em Esteio, Sapucaia do Sul, Canoas e Passo Fundo.
Os golpistas também atuaram nos estados do Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo. As investigações indicam que o golpe pode ter movimentado cerca de R$ 1,7 milhão.
Na prática, eles realizaram o conhecido golpe do bilhete premiado. Para executar os delitos, agiram em grupos de três ou quatro pessoas, abordando as vítimas, geralmente em vias com pouco movimento, mas não desertas.
No primeiro contato, um dos denunciados se passava por uma pessoa do interior ou de origem humilde, malvestido, com sotaque carregado e fingindo ser analfabeto. Esse criminoso solicitava informações à vítima, normalmente sobre um endereço inexistente, portando um bilhete.
Em seguida, um segundo associado, bem-vestido, instruído e aparentando boas intenções, entrava na conversa e se oferecia para ajudar a pessoa humilde, que já havia repetido a história inicial ao comparsa. Esse segundo criminoso entrava em contato com um terceiro membro do grupo, que se passava por gerente da Caixa Econômica Federal e, na presença da vítima, confirmava que os números do bilhete do primeiro indivíduo eram premiados.
Em seguida, o terceiro comparsa fornecia instruções para o resgate do prêmio. Após o homem humilde prometer compartilhar parte do prêmio com a vítima e o comparsa, os dois criminosos e a vítima entravam em um veículo, momento em que solicitavam uma “garantia” de pagamento da recompensa ao ofendido.
Imersa na história contada pelos criminosos e atraída pela promessa de recompensa, a vítima às vezes repassava valores para uma conta pertencente a um dos denunciados, que era responsável por receber os pagamentos. Em alguns casos, a vítima sacava os valores ou entregava aos criminosos o cartão bancário e senha para que eles mesmos realizassem a transação. Após o repasse dos valores, os golpistas despistavam a vítima, por exemplo, pedindo que saísse do veículo ou comprasse uma bebida, para então fugirem do local. Nesse ponto, os valores já estavam nas contas dos criminosos.