“Isso aqui era muito cheio de mato. Agora está todo capinado. Nesse lado não tinha cova, agora já ampliaram. Admirei. Mas nessa época do dia de Finados, tudo é bonito, tudo cuidado, as paredes, tudo é branquinho. Mas vamos ver como será no resto do ano”, disse.
"Antigamente, quando era tempo assim do calor, você não passava em algumas partes do cemitério. O cheiro era muito forte. E quando chovia muito, como as covas eram muito rasas, a gente via, muito mesmo, ossos rolando por aí. E o cheiro era muito forte. Não era desse jeito como agora. Mas tem que ver se vai durar”, ressaltou a frequentadora.
Dona Graça tem dez parentes enterrados no cemitério São Luiz, incluindo seu marido, falecido há 15 anos. “Eu acho que quem está aqui está mais feliz do que a gente que está aqui fora. Eu venho sempre, sempre, venho aqui acender luz pra eles”.
Em junho, uma Auditoria do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) encontrou ossos não ensacados e sacos de ossos sem identificação em vistoria nos cemitérios recém-privatizados da capital paulista. O tribunal não especificou em qual dos cemitérios os restos mortais foram encontrados.
Em 13 dos 22 locais, foram encontrados jazigos e túmulos abertos, o que, segundo o TCM, traz risco de acidentes aos visitantes. Em dois cemitérios, nenhum vigilante foi localizado no momento da vistoria. Os auditores encontraram dez cemitérios sem cerca elétrica ou concertina nos muros e grades. Apenas no Cemitério da Lapa, na zona oeste da capital, foi identificada a instalação de câmeras de segurança, um dos itens obrigatórios conforme o contrato de concessão. Em sete cemitérios foram encontrados buracos e lacunas em muros e grades.
Em setembro, os conselheiros do Tribunal de Contas do Município de São Paulo aprovaram um alerta para a prefeitura depois de novas denúncias de que o contrato de concessão dos cemitérios não está sendo respeitado e o serviço segue com diversas falhas.
Um dos destaques do debate foi a gratuidade de sepultamento a doadores de órgãos. Os familiares têm direito, por lei, a não pagar pelo serviço. No alerta, o TCM determina que a SPRegula e o Serviço Funerário adotem as providências para garantir que as concessionárias implementem imediatamente avisos sobre todas as formas de gratuidades e cumpram as regras.