São cerca de 23 mil cidadãos do país habilitados a votar no Brasil, na embaixada e nos dez consulados. Na capital paulista, os eleitores ouvidos pela reportagem disseram esperar que o próximo presidente argentino defenda e democracia e a civilidade em seu mandato.
Ele ressaltou que tem a expectativa que o novo governo fortaleça o estado e serviços públicos, como a saúde e a educação. “Que o estado argentino preserve a educação pública, preserve a saúde pública, e os direitos que foram sendo adquiridos nas décadas de 2000 e 2010 e que a partir do governo de [Mauricio] Macri foram se perdendo”, acrescentou.
Os dois candidatos à presidência da República argentina são Sergio Massa, atual ministro da Economia, e o ultradireitista Javier Milei. Ambos travam uma disputa acirrada em uma eleição que ocorre em um cenário de crise econômica, com inflação de 142,7% em 12 meses.
A professora argentina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), residente no Brasil há 36 anos, Graciela Foglia, concorda que a economia argentina não vai bem e que uma solução para a crise tem que ser encontrada pelo novo presidente. No entanto, ela diz temer uma interrupção dos 40 anos de democracia argentina.
“Espero que melhorem as coisas, que diminua a inflação, que se devolva um pouco a paz no caos em que se está vivendo na Argentina. Eu entendo que as pessoas estejam cansadas, bravas, porque a economia não funciona, mas está em jogo muito mais do que isso, não é?”.
Já o professor Adrian Fanjul disse não ter grandes expectativas sobre o novo governo, e que seu voto foi no sentido de evitar que o fascismo tome o poder na Argentina. “O que seria bom para mim infelizmente nenhum dos candidatos vai fazer. O que deveria se fazer é romper com o Fundo Monetário Internacional e promover uma política de desenvolvimento. Infelizmente acho que nenhum dos candidatos vai fazer isso”, ressaltou.
Julia Lupine é brasileira, mas por ser filha de argentinos tem direito ao voto. É a segunda vez que vota nas eleições argentinas. Na embaixada da Argentina, em Brasília, ela se mostrou apreensiva pela possibilidade de uma vitória da extrema direita, representada por Milei.
Para ela, a situação vivida pelo país vizinho atualmente se assemelha ao cenário eleitoral do Brasil em 2018, quando Jair Bolsonaro surgiu como nome da extrema direita e saiu vitorioso. “É difícil [a situação na argentina], porque a gente passou algo semelhante no Brasil. Estou com medo que a extrema direita vença. E acho que seria muito ruim para os direitos [da população]”.
*Colaborou Joédson Alves, repórter fotográfico da Agência Brasil