01/12/2023 às 19h01min - Atualizada em 02/12/2023 às 00h06min

Solo se movimentou meio metro em 24 horas em bairro de Maceió

O bairro Mutange, em Maceió, está perto do colapso, em função de problemas decorrentes de uma mina da Braskem.

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O bairro Mutange, em Maceió, está perto do colapso, em função de problemas decorrentes de uma mina da Braskem. Foram registradas movimentações de até 50 cm no solo nas últimas 24 horas, conforme a Defesa Civil Nacional.

A última média de movimentação calculada na área era da ordem de 18 cm por ano. Foram identificadas trincas e rachaduras no solo, que evoluíram significativamente.

Segundo o diretor de obras da Defesa Civil Nacional, Paulo Falcão, foram registrados 1.011 eventos sísmicos em cinco dias, no período de 19 a 24 de novembro. “Além da quantidade elevada de abalos, observou-se que a profundidade dos sismos se tornava mais rasa, indicando uma possível movimentação da cavidade em direção à superfície”, explica.

Uma equipe Defesa Civil Nacional e o Grupo de Apoio a Desastres (GADE) do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) acompanham a situação em Maceió.

Conforme a Defesa Civil local, o colapso de mina 18 da Braskem, no bairro Mutange, pode ocorrer a qualquer momento. O órgão diz ainda que permanece em alerta máximo em razão do risco iminente.

Os locais onde ocorreram mais tremores de terra foram os bairros de Mutange, Pinheiro e Bebedouro. Os locais estão isolados e os moradores foram realocados.

Na noite de quarta-feira, 29, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), decretou estado de emergência por 180 dias na capital de Alagoas, após alerta para “risco iminente de colapso” da mina.

Entenda a situação

Os problemas em Maceió começaram em 3 de março de 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras em ruas e casas e o afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas naquele ano. A petroquímica realizava a extração do minério na capital alagoana em 35 minas.

Em novembro de 2019, a empresa decidiu propor a remoção preventiva dos moradores e a criação da Área de Resguardo. Esse local fica na área dos 35 poços de sal que eram operados nos bairros e já estavam desde maio do mesmo ano paralisados. Foi quando, em novembro de 2019, a Braskem também anunciou o encerramento definitivo da extração do minério na região. No total, mais de 200 mil pessoas foram afetadas pelo desastre.

As 35 minas da companhia começaram a ser fechadas ainda em 2019, depois que a empresa foi responsabilizada pelo surgimento de rachaduras em casas e ruas de alguns bairros de Maceió no ano anterior. O abalo foi causado pelo deslocamento do subsolo causado pela extração de sal-gema, um cloreto de sódio que é utilizado para produzir soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), pela Braskem. A fabricação na região teve início em 1976.

Com o registro de novos tremores, as atividades na Área de Resguardo foram paralisadas. Os sismos sentidos nos últimos dias foram registrados em áreas já desocupadas. Por segurança, a Defesa Civil recomenda que seja evitada a circulação de pessoas e de embarcações na lagoa perto de Mutange.

“A população deve evitar transitar na área desocupada do antigo campo do clube CSA até uma nova atualização da defesa civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo. A equipe de análise do órgão ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas”, reforçou em comunicado divulgado na noite de quinta-feira.

Foi registrado novo movimento de terra na quinta-feira. “A situação é preocupante, porque a velocidade de subsidência, tanto vertical quanto horizontal, continua alta, indicando afundamento do solo,” disse o coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Pedro Nobre Jr.

Essas minas são como cavernas que ficam sob uma lagoa. O topo dessas cavernas pode colapsar a qualquer momento. Os possíveis impactos ambientais são imprevisíveis.

A mina em risco tem 85 metros de largura e está a 1,1 mil metros de profundidade, segundo estudo do Serviço Geológico do Brasil. A catástrofe pode ser ainda maior, visto que outras duas minas, a de número 7 e a 19, estão bem próximas da 18.

Fonte: Correio do Povo

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