No período compreendido entre 2011 e 2021, a taxa de homicídios no Brasil apresentou uma queda significativa, diminuindo em 18,3%, segundo dados divulgados pelo Atlas da Violência 2023. Durante esse intervalo de tempo, foram registrados oficialmente 616.095 assassinatos, equivalendo a cidades como Joinville (SC), Feira de Santana (BA), ou mesmo a uma capital como Aracaju (SE).
Os números, provenientes da colaboração entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), foram revelados nesta terça-feira(05). Em 2021, o Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde registrou 47.847 homicídios no país, resultando em uma taxa de 22,4 mortes para cada 100 mil habitantes. Esse cálculo possibilita a comparação entre diferentes regiões com populações diversas.
De acordo com a série histórica do Atlas da Violência, esse é o segundo menor índice desde 2011, sendo que o melhor resultado foi alcançado em 2019. O estudo destaca que a redução nas taxas de homicídio ocorreu em quase todas as regiões do Brasil, com exceção do Norte, onde problemas socioeconômicos antigos, como regularização fundiária e crimes ambientais, se sobrepõem a novas questões relacionadas ao narcotráfico.
Assim como em outras estatísticas, as mortes violentas no Brasil apresentam variações significativas pelo território nacional, com taxas de homicídio variando de 6,6 a 52,6 por 100 mil habitantes nas 27 unidades federativas. Um desafio apontado pelos pesquisadores do Ipea e FBSP é a confiabilidade dos dados, influenciada pelo aumento de Mortes Violentas por Causa Indeterminada desde 2018, o que resultou em uma piora na qualidade das estatísticas.
Os estados que mais reduziram suas taxas de homicídios foram Acre (33,5%), Sergipe (20,3%) e Goiás (18%), enquanto Amazonas (34,9%), Amapá (17,1%) e Rondônia (16,2%) lideraram o aumento no índice na região Norte. Entre os cinco estados com as maiores taxas de homicídios em 2021, três estão na Amazônia Legal e dois no Nordeste.
Ao considerar os dez estados mais populosos do Brasil, quase todos conseguiram reduzir as taxas de homicídio no período mencionado, com destaque para São Paulo (52,8%), Minas Gerais (44,5%) e Paraná (37,1%). As exceções são Bahia, com aumento de 21,9%, e Ceará, com 14,6%. O estudo também destaca que mais de 6 mil homicídios poderiam ter sido evitados se não houvesse aumento na circulação de armas de fogo entre 2019 e 2021.
Além disso, o Atlas ressalta as disparidades étnicas, indicando que o risco de um negro ser assassinado no Brasil é 2,9 vezes maior do que o de um não negro. Em relação aos indígenas, houve um aumento de 29% nos assassinatos desde 2011, concentrando-se principalmente nos estados do Amazonas, Mato Grosso do Sul e Roraima, que respondem por 6 em cada 10 casos de indígenas mortos de forma violenta.
A notícia Atlas da Violência aponta queda de 18,3% na taxa de homicídios no Brasil em uma década foi publicada no Portal Leouve.