O Serviço Geológico do Brasil (SGB) divulgou um relatório com uma série de medidas para reduzir os problemas causados por deslizamentos e movimentação de solo nos períodos chuvosos no município de Gramado, na Serra Gaúcha. A região registrou grandes volumes de chuva em novembro.
O Relatório de Avaliação Técnica Pós-Desastres de Gramado, preparado a partir de um estudo solicitado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Gramado, sugere medidas como o monitoramento permanente de áreas afetadas, obras estruturantes e estudos complementares para orientar o planejamento urbano.
As sugestões têm por objetivo reduzir o impacto de eventos geológicos, evitar que os casos evoluam e prevenir novas ocorrências.
“O monitoramento é fundamental para avaliar se novas trincas estão surgindo e se as trincas que já existem continuam em evolução, ou seja, estão se movimentando ou continuam abrindo”, explica o coordenador-executivo do Departamento de Gestão Territorial do SGB, Julio Cesar Lana.
Orientações
Ele acrescenta ser necessário um trabalho de orientação da população local. Mais de 40 mil pessoas vivem na região. Além de informá-las sobre a possibilidade de ocorrência desses fenômenos, é necessário um trabalho de instrução sobre o que fazer para identificar sinais e indícios de alerta em períodos chuvosos. Entre eles, deformações no solo, nas casas ou em cercas; inclinação de postes e árvores; e trincas no asfalto.
O relatório recomenda que se espere o período de estiagem para o retorno da população às residências localizadas no entorno de áreas críticas. Sugere também a criação, por hora, de rota segura das ruas do bairro Três Pinheiros, de forma a evitar a Estrada da Pedreira. Isso, até que seja concluída a avaliação geotécnica do local afetado.
Outra sugestão é a de avaliar a possibilidade e a viabilidade de execução de obras estruturantes, como a contenção de encostas e obras de drenagem pluvial para reduzir os impactos de eventos hidrológicos.
Segundo o SGB, “grande parte dos movimentos de massa – como deslizamentos, rastejo [movimento lento do solo] e fluxo de detritos – são deflagrados pelo excesso de água no solo”.
Por meio de obras de drenagem nas áreas de risco, é possível evitar que um grande volume de água se infiltre em terrenos naturalmente instáveis, atenuando o risco de movimentos de massa.
Chuvas
O Serviço Geológico explica que o volume acumulado de chuvas observado nos dias 11 a 18 de novembro chegou a cerca de 291 milímetros (mm), “montante que corresponde a mais que o dobro da média histórica de chuvas do mês de novembro, que é 144,5 mm”. Só no dia 18, choveu 98 mm, volume que representa 67% da quantidade média para o mês.
“A partir da avaliação feita em campo pelos pesquisadores que estiveram no local, é possível indicar que dois dos eventos [nas ruas Ladeira das Azaleias e Augusto Orlandi] foram caracterizados por rastejos – movimentos extremamente lentos do terreno –, e o outro [na Estrada Pedreira] foi um movimento mais rápido, do tipo deslizamento”, explicou Lana.
Segundo o coordenador, as causas estão relacionadas ao “somatório das condições geológicas e geotécnicas da região, alinhadas às fortes chuvas que atingiram a área”.
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul