De um lado. o Brasil a buscar o restabelecimento político e a formação de uma identidade nacional após a declaração formal de independência, em 1822. De outro, a Alemanha abalada pelas guerras napoleônicas, que mesmo encerradas, deixaram um rastro de destruição por todo o país. É nesse contexto que José Bonifácio, conselheiro do imperador luso-brasileiro Dom Pedro pôs em prática o projeto de buscar imigrantes europeus.
Os detalhes desse processo, que em 2024 completará 200 anos, são detalhados pelo historiador gaúcho Rodrigo Trespach na obra “1824” (Editora Citadel). Por meio de documentos, cartas, ofícios e vasta bibliografia, o pesquisador entrelaça a vida de líderes políticos, militares e visionários com a de gente comum como artesãos e camponeses que atravessaram o Oceano Atlântico em busca de melhores condições de vida.
Com 22 capítulos, a publicação mergulha na imigração germânica no Primeiro Reinado (1822-1831). Durante nove anos, mais de 5 mil alemães desembarcaram no Faxinal do Courita, porção de terra próxima ao Rio dos Sinos, hoje Região Metropolitana de Porto Alegre.
O pequeno povoado se tornou exemplo de sucesso da política de colonização do governo imperial, que deflagraria um processo de interação cultural, com altos e baixos, mas um saldo mais do que positivo – incluindo a presença, hoje, de 5 milhões de descendentes de alemães.
Curiosidades como o êxito das igrejas protestantes no Brasil e a existência de um plano argentino para assassinar Dom Pedro complementam a leitura. Conforme a editora, trata-se de uma obra indicada para estudantes, professores e leitores em busca de conhecimento sobre a colonização brasileira e o processo de formação do País como um todo.
Autor
Rodrigo Trespach é historiador e escritor, com 17 livros publicados. Na lista estão títulos como “Grandes Guerras”, “A Revolução de 1930” e “Às Margens do Ipiranga”. Seu foco de interesse são os séculos de 1700 a 1900.
Além de membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (IHGRGS), ele atua como colaborador da Genera no Brasil. Na Alemanha, é parceiro do Institut für Geschichtliche Landeskunde (IGL), da Universidade de Mainz.
Eventos
O Bicentenário da Imigração Alemã será comemorado no Rio Grande do Sul com uma ampla programação cultural em 2024, tendo como marco o dia 25 de julho. Além de uma comissão estadual encarregada das ações e festejos, a iniciativa conta com a participação de representantes de prefeituras e sociedade. O site oficial é cultura.rs.gov.br.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul