A vice-prefeita Angela Schumacher Schuh (PP) assumiu em definitivo, nesta segunda-feira (11), o comando do Executivo municipal de Cachoeira do Sul (Centro-Leste gaúcho). Ela já vinha exercendo a função interinamente desde o final de setembro por causa do afastamento temporário do titular José Otávio Germano, que acabou renunciando na semana passada.
O evento de posse contou com a presença de secretários, servidores municipais e representantes de entidades civis. Em seu discurso, defendeu a necessidade de trabalhar em estreita colaboração com vereadores, líderes comunitários e população para enfrentar os desafios da cidade:
“Transparência e participação da comunidade serão fundamentais para superarmos as adversidades e construirmos um caminho sólido para o futuro (…) Cachoeira do Sul é sua gente, sua história e seu caminho, que pode e deve ser de progresso e evolução”.
Trata-se da primeira mulher a exercer a função na cidade, onde nasceu há quase 72 anos (ela aniversaria em 23 de janeiro). Casada com o economista João Artur Schuh, ela tem três filhos e três netos.
Angela é formada em História, professora aposentada e coautora de dois livros sobre a história local. A carreira abrange, ainda, o trabalho durante 14 anos no Museu de Cachoeira do Sul, atuação na diretoria da Associação Cachoeirense de Amigos da Cultura, chefia da Secretaria Municipal da Educação e atividade como consultora do Ministério da Educação.
Sucessão
Afastado do cargo por 180 dias, mediante ordem expedida em 28 de setembro pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), José Otávio decidiu (PP) renunciar. A saída foi oficializada à Câmara de Vereadores na última quinta-feira (7), por meio de carta onde o político de 61 anos atribui a decisão a questões de saúde, não detalhadas.
Ele é um dos investigados pela operação “Fandango”, deflagrada pelo Ministério Público gaúcho. Motivo: suspeita de fraudes e outros crimes em licitações na administração municipal. A lista inclui cinco secretários de primeiro escalão. Todos negam envolvimento nas irregularidades apontadas pelo processo, que tramita em segredo de Justiça.
“É o momento de cuidar de mim e da minha saúde. A renúncia é necessária ao meu tratamento”, frisou no texto encaminhado ao presidente do Legislativo local, Magaiver Dias (PSDB). “Meus sinceros agradecimentos, sem exceção, a todos os vereadores.”
Ele também divulgou mensagem à população da cidade, onde iniciou uma trajetória política que teve como primeiro capítulo a eleição para vereador em 1988: “(…) Preciso de tratamento médico, sério e duradouro. Subestimei uma doença que atinge milhões de brasileiros, com tristezas e frustrações a todos, especialmente família e amigos”.
Germano iniciou sua trajetória como professor universitário e advogado, atividades que ajudaram a catapultar sua carreira política. Também pesou a seu favor o apoio do pai, Otávio Germano (1924-2015), descendente de sírios e libaneses e que chegou a vice-governador entre 1979 e 1983.
Vereador mais votado em Cachoeira do Sul no pleito de 1988, José Otávio Germano conquistou posteriormente nas urnas dois mandatos consecutivos de deputado estadual – na segunda legislatura presidiu a Assembleia Legislativa. Foi também secretário estadual dos Transportes e da Justiça e da Segurança Pública.
Em 1998, concorreu a vice na chapa de Antônio Britto (PMDB) à reeleição para o Palácio Piratini, mas a vitória no primeiro turno não se confirmou no segundo, resultando na derrota para Olívio Dutra e Miguel Rossetto (PT).
Outros cargos por ele exercidos nos anos seguintes foram os de diretor financeiro da Eletrosul, secretário nacional do Esporte e vice-presidente do Grêmio (2001-2002). Depois foi a vez de chegar à Câmara dos Deputados, emendando quatro mandatos entre 2003 e 2019, antes de vencer a disputa de 2020 para prefeito.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul