O número de pessoas que procuraram atendimento nas guaritas da Operação Verão Total com queimaduras por águas-vivas aumentou mais de 700% em relação ao mesmo período do ano passado. De 28 de dezembro de 2022 a 26 de dezembro de 2023, foram registradas 2.402 ocorrências, contra 288 no mesmo período do ano anterior.
O aumento da população de águas-vivas no litoral gaúcho é resultado de fatores climáticos, como a temperatura da água e a incidência de luz solar.
Também conhecidos como mães-d’água, estes invertebrados de corpo gelatinoso incomodam os banhistas e até mesmo quem caminha pela orla. Afinal, o contato com os seus tentáculos pode causar queimaduras que ardem e doem bastante, principalmente para as crianças.
A espécie, que tradicionalmente é encontrada em todo o litoral gaúcho, está aparecendo em maior quantidade neste início de verão, conforme observa o capitão Willen Eccard Silva, guarda-vidas que atua em Capão da Canoa. O motivo está ligado à temperatura da água, mais alta do que no ano passado.
“A temperatura da água facilita a reprodução das águas-vivas, por isso nós temos um grande número delas no nosso litoral esse ano”, explicaWillen .
O verão também aumenta a incidência de luz solar no oceano, outro fator que colabora com a reprodução dos animais.
Espécies mais perigosas
Olindias sambaquiensis, uma espécie mais clara, podendo ter tons amarelados nos tentáculos, cujos nematocistos causam irritações na pele dolorosas;
Physalia physalis ou caravela portuguesa, possui um flutuador colorido, parecendo um balão inflado de cor azulada que pode medir até 30 cm. Seus nematocistos são altamente tóxicos, podendo causar queimaduras e lesões graves.
Espécies menos perigosas
Lychnorhiza lucerna: é uma água-viva rosada, normalmente grande, podendo chegar a 45 cm de diâmetro. Muito encontrada na beira da praia, tem um formato de pires, é achatada e com as extremidades da umbrella recortada em lóbulos mais azulados, sem tentáculos. Ela não costuma oferecer perigo de queimaduras.
Porpita: são águas-vivas pequenas, com diâmetro em torno de 2 cm, arredondadas e de cor azulada. Seus curtos tentáculos possuem nematocistos, mas não costumam causar irritações.
Velella: são pequenas, com diâmetro em torno de 2 cm, possuem uma pequena vela na superfície da umbrela. Têm cor azulada e tentáculos curtos, que não causam queimaduras.
Como se proteger
A irritação causada pelas águas-vivas é causada por nematocistos, que são pequeníssimas cápsulas presentes nas células dos tentáculos e dos braços orais desses animais. Essas cápsulas explodem no contato com a pele, descarregando substâncias tóxicas que causam a queimadura.
Mas nem todas as águas-vivas devem ser motivo de preocupação para quem está na praia. Algumas delas, apesar de também possuir os nematocistos, não causam irritações na pele.
Para se proteger das águas-vivas, é importante observar a presença dos animais tanto na areia, quanto na beira da praia. Ao avistar um animal, é recomendado afastar-se e evitar o contato.
Em caso de acidentes, é importante lavar a área afetada com a própria água do mar sem esfregar ou pressionar com as mãos. Isso evita que os arpões adentrem na pele. Depois de lavar com água do mar, é recomendado fazer mais uma limpeza com vinagre.
Caso a dor seja intensa, é recomendado procurar recomendação médica ou farmacêutica para indicar alguma pomada com antialérgico.
Prevenção
Além das medidas de precaução, é importante que as pessoas contribuam para a prevenção do aumento da população de águas-vivas.
“Uma das formas de prevenir o aumento da população de águas-vivas é reduzir a poluição dos oceanos”, explica o biólogo Fabiano Soares. “A poluição pode causar alterações na temperatura da água e na composição da cadeia alimentar, o que pode favorecer a reprodução das águas-vivas”.
Outra forma de prevenção é evitar a pesca predatória de espécies que são predadoras das águas-vivas.
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul