Em Porto Alegre e outras cidades gaúchas, o restabelecimento total da energia após o temporal desta semana pode demorar até sábado (20). O prognóstico é do presidente da CEEE Equatorial, Riberto José Barbarena, que mencionou fatores como a complexidade dos estragos. A empresa foi criticada até pelo governador Eduardo Leite, entusiasta da privatização da antiga estatal em 2021.
“São problemas cuja solução não é algo simples”, frisou Barbarena em entrevista à imprensa horas após a ocorrência climática deixar um rastro de devastação e transtornos a boa parte da população do Rio Grande do Sul. Ele se referia sobretudo aos clientes residenciais, já que a prioridade são locais como instituições de saúde e estações de água, até para evitar a morte de pacientes de hospitais e problemas de desabastecimento, por exemplo.
Ele acrescentou: “Após a chuva, deflagramos um plano de contingência com reforço nas equipes que atuam nas redes afetadas. A urgência maior é à coletividade”.
Dados extraoficiais permitem estimar que nessa quarta-feira (17) mais de 1 milhão de pontos ficaram sem luz, sobretudo na Região Metropolitana de Porto Alegre, Centro do Estado e os Vales do Sinos, Taquari e Rio Pardo (cerca de 500 mil atendidos pela Equatorial e quase a mesma quantidade pela concessionária RGE). Ao fim do dia, esse total havia se reduzido para aproximadamente 600 mil.
Questionamentos
Durante reunião no Palácio Piratini, Eduardo Leite disse que a CEEE Equatorial não está atendendo de forma satisfatória os consumidores e autoridades ao ser acionada para esclarecer dúvidas e resolver problemas associados à forte chuva desta semana. Ele cogitou aplicação de punição financeira à empresa e até rompimento unilateral do contrato de concessão:
“O Grupo CEEE Equatorial precisa melhorar essa relação. Compreendo a gravidade do evento climático, mesmo assim a companhia tem a obrigação de garantir o atendimento e prestar informações. Estamos fiscalizando e temos a expectativa de que a empresa mude sua postura, mas se não fizer isso ao longo do tempo, poderá ser alvo de multas ou mesmo da retirada da concessão”.
Quem também questionou a empresa foi o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo. “Já que a direção da CEEE Equatorial não atende o telefone nas últimas horas, fazemos um apelo para que alguém compareça ao Ceic [Centro Integrado de Comando]” e nos auxilie na governança conjunta para retomar a normalidade.Não há abastecimento de água sem energia!”, escreveu nas redes sociais.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul