O perfil, sintomas e comorbidades mais frequentes entre as mortes por dengue no Rio Grande do Sul em 2024 foram divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). A nota informativa com dados compilados pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) foi publicada nesta quinta-feira (18).
Para o levantamento, foram utilizadas as análises dos primeiros 73 óbitos pela doença no ano, embora nesta quinta o número de vítimas no Estado chegou a 81. “A avaliação desses 73 óbitos, que já é inédito, o maior número de óbitos no mesmo ano que nós tivemos, já ultrapassando 2022, que foram 66, mostrou a questão da importância da idade: os nossos óbitos acontecem mais na população acima de 60 anos, como um fator biológico importante”, observa o diretor adjunto do Cevs, Marcelo Vallandro. Das mortes avaliadas, 73% ocorreram entre pessoas com 60 anos ou mais.
Quanto aos sintomas mais frequentes entre os óbitos estão a febre (62%), dor muscular (58%), dor de cabeça (43%) e náuseas (43%). As doenças preexistentes mais relatadas foram hipertensão (56%), diabetes (18%), cardiopatia (18%) e doença pulmonar obstrutiva crônica (16%).
Não houve relato de comorbidade em 16% dos casos de morte. “A busca tardia por atendimento e o manejo não totalmente adequado em relação aos protocolos feitos nas unidades de saúde também são fatores relevantes para esses desfechos”, relata Vallandro.
Também estão descritos na nota informativa da SES os principais sinais de alerta, que são os quadros que indicam que a doença está ficando mais grave, com a pessoa já internada ou não.
Entre os óbitos, os mais comuns foram a plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) e a hipotensão postural e ou lipotimia (sensação de tontura, decaimento, desmaio), presentes em 53% e 47%. Também foram apontados no relato dor abdominal intensa (34%) e letargia ou irritabilidade (32%).
Para os casos que evoluíram para dengue grave, os sinais e sintomas mais frequentes foram pulso débil ou indetectável (49%), extremidades frias (48%), taquicardia (42%) e hipotensão arterial (42%).
A dengue grave é caracterizada pelos quadros que apresentam choque ou desconforto respiratório em função do extravasamento grave de plasma, sangramento grave, ou comprometimento grave de órgãos como dano hepático importante, do sistema nervoso central (alteração da consciência), do coração (miocardite) e de outros órgãos.
De acordo com a SES, a análise demonstra que os pacientes procuram em média, ao menos, duas vezes por atendimento até a internação ou suspeição de dengue. Esses pacientes demoram em média 2,6 dias após o início dos sintomas para procurar o primeiro atendimento e, após, cerca de 4,4 dias até ocorrer a hospitalização. Os óbitos acontecem em média 8,3 dias após o início dos primeiros sintomas.
Entre as pessoas que vieram a óbito, 50 (dos 73 óbitos) buscaram o primeiro atendimento em hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Créditos do texto/imagem: Portal ABC Mais.